quarta-feira, 10 de março de 2010

MEDIA E GRUPOS ECONÓMICOS

Na Assembleia da República, na comissão de ética onde se tem discutido a possível compra da TVI pela PT, diversos agentes empresariais e jornalistas têm dito as suas posições relativamente a essa compra e a eventual pressão do governo sobre os media. Há posições convergentes, divergentes e contraditórias, o que ilustra a existência de variados interesses - económicos e políticos. É um bom estudo de caso para se perceber a importância dos media na sociedade contemporânea.

Lembro-me de Pierre Bourdieu (Sobre a Televisão, 1997; O Poder Simbólico, 1989) e da sua noção de campo social, onde diversos actores procuram agir e influenciar. Retiro o seguinte da minha tese de doutoramento (publicada em 2006 pela editora Campo das Letras com o título A fonte não quis revelar - um estudo sobre a produção das notícias):
  • Em definição fundamental, Bourdieu (1997: 41) descreveu campo como espaço social estruturado onde, no seu interior, existem relações entre agentes. Provido de competência social e técnica, cada agente investe a força que detém na sua luta contra outros agentes, marcador da posição pessoal no campo e das estratégias que segue. O campo tem sentido na relação estabelecida pelos agentes nas oposições e nas distinções. Há, na estrutura de relações objectivas que forma o campo, invariantes que se concretizam na relação com um campo determinado. No campo político, por exemplo, as invariantes constituem-se por esquerda e direita, dois pólos em que tende a organizar-se o campo. O campo político é, para Bourdieu (1989: 164), o lugar onde se geram, na concorrência entre agentes envolvidos, produtos políticos, problemas, conceitos, análises, comentários e acontecimentos, a escolher pelos cidadãos. No interior do campo, os ocupantes de posições dominantes e dominadas efectuam lutas de diferentes formas, o que não significa a constituição de grupos antagonistas.

Sem comentários: