Escrevem Carlos Cordeiro e Susana Serpa Silva que os textos publicados no volume por eles organizado, A História da Imprensa e a Imprensa na História. O contributo dos Açores, resultam de um colóquio realizado em Maio de 2009, onde se procurou, por um lado, "debater aspectos do percurso histórico da imprensa e do seu impacte na vida das sociedades e, por outro, integrar a evolução da imprensa açoriana em contextos mais vastos, quer a nível nacional, quer internacional". Os organizadores destacam a importância cultural e histórica dos jornais açorianos. Logo depois, escrevem o seguinte:
"Sendo certo que a imprensa pode ser considerada como uma espécie de retrato da sociedade em que se insere, também é, simultaneamente, motor de progresso e desenvolvimento. Nesse sentido, as colecções dos jornais são fonte insubstituível de consulta por parte de investigadores e de uma ampla faixa de pessoas que, por motivos de interesse cultural ou outro, a elas também recorrem".
O congresso, organizado pelo Centro de Estudos Gaspar Frutuoso (CEGF) da Universidade dos Açores e do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20) da Universidade de Coimbra, teve comunicações de investigadores tão importantes como José Manuel Tengarrinha, Zília Osório de Castro e Alberto Pena. Fico com algumas ideias do texto de Isabel Nobre Vargues sobre pioneiros da imprensa portuguesa, como Silva Pereira, Alberto Bessa e Alfredo da Cunha. De Alfredo da Cunha, a historiadora releva a qualidade do jornalista ter sido director do Diário de Notícias e de autor de estudos e memórias do jornalismo. Um dos seus textos tem o título O Diário de Notícias, a sua Fundação e os seus Fundadores, onde o jornal é apresentado como o primeiro diário a dispor de um sistema organizado e avançado de obtenção da informação.
Voltando ao texto inicial, da responsabilidade dos organizadores, eles indicam que os jornais denunciavam as cíclicas crises socioeconómicas do arquipélago durante a segunda metade do século XIX, clamando por apoio do governo de Lisboa e apelando por justiça. Os autores falam do desenvolvimento de uma noção ressentida da diferença, da ideia de tratamento distinto face à população continental, com esses jornais a irem ao ponto de defender leis específicas nos Açores. Só no final do século XX é que tal viria a acontecer.
Agradeço a José Manuel Sardica o ter-me dado a conhecer o volume.
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