sexta-feira, 14 de maio de 2010

SUBCULTURAS

Até à década de 1920, não houve metodologias de análise das subculturas. Então, um grupo de sociólogos e criminólogos de Chicago começou a recolher dados sobre os gangues de rua de jovens e grupos marginais. A observação participante foi a fonte de algumas das descrições mais interessantes e sugestivas de subcultura.

As subculturas são geográficas e biográficas, e transmitem-se aos membros individuais de uma subcultura através de diversos canais: escola, família, emprego, meios de comunicação. No presente, os meios de comunicação desempenham um papel crucial. Por um lado, há leituras bloqueadas excluídas da rádio, televisão e imprensa. Por outro lado, surgem interpretações e significados preferidos, favorecidos e transmitidos pelos canais autorizados de comunicação de massa.

As subculturas representam o ruído, a interferência na sequência ordenada dos acontecimentos, por vezes expressam conteúdos proibidos (consciência de classe, diferença) nas formas proibidas (transgressão dos códigos de conduta e etiqueta, infracção da lei).

As subculturas representam desafios simbólicos à ordem simbólica e o seu surgimento vem acompanhado de uma onda de histeria na imprensa. A histeria oscila entre o medo e o fascínio, entre o escândalo e o entretenimento. O que atrai a atenção inicial dos media são as inovações estilísticas da subcultura. Após a amplificação, esta acaba com a propagação e desactivação do estilo cultural. A subcultura pode transformar-se em pose comercializável, à medida que o seu vocabulário (visual e verbal) se torna mais familiar. A recuperação passa pela conversão de signos culturais (vestuário, música) em objectos produzidos em massa. Passa igualmente pelo etiquetar a conduta dos grupos como desviante pela polícia, media e sistema judicial.

Leitura:
Dick Hebdige (1979/2004). Sucultura. El significado del estilo. Barcelona, Buenos Aires e Mexico: Paidos, pp. 103-130. Ler também aqui.

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