sexta-feira, 4 de junho de 2010

WENDY AND LUCY

Michelle Ingrid Williams nasceu em 1980 e entrou nomeadamente na série Dawson's Creek (1998-2003), como Jen Lindley [a série que também projectou Katie Holmes], e nos filmes Lassie (1994), Brokeback Mountain (2005) e Incendiary (2008). No filme de 2005, conheceu o actor australiano Heath Ledger (já falecido), de quem teve uma uma filha, Matilda Rose.

Agora, com data de 2008, Williams aparece em Wendy and Lucy, filme dirigido por Kelly Reichardt, a partir de história de John Raymond. Conta a vida de uma rapariga que sai do Indiana em direcção ao Alasca, na companhia da cadela Lucy, na procura de uma vida melhor (emprego). Emigrante, quase proletária e sem-abrigo por necessidade, fica no Oregon, onde é presa por um pequeno roubo no supermercado, o seu automóvel avaria e a cadela desaparece. De ligações pessoais, ficamos a saber que tem uma irmã e um cunhado, em casa de quem vivera. Na cidadezinha do Oregon, conhece um guarda de segurança (Wally Dalton), que, olhando a matrícula do carro dela, pergunta: "Vens de longe, não vens"? Mas Wendy não tinha casa, telefone, dinheiro, história e quase identidade.

Trata-se de uma história de um indivíduo, muito fechada na personagem, mas onde sobressai alguma marginalidade social (o grupo que Wendy encontra no bosque; o sem-abrigo que a ameaça; o próprio guarda, que narra a sua vida e tem um automóvel amolgado) e a perda de competitividade industrial americana (a cidade tivera uma fábrica que dava emprego a muita gente, mas fechara entretanto, o que levaria à pergunta: "as pessoas daqui o que fazem"?). O som do filme ilustra bem a errância e nomadismo da personagem Wendy: ouvem-se com frequência sirenes de comboios, que indiciam deslocações, movimentos entre cidades e Estados. Já não é o nomadismo de Easy Rider (1969, dirigido por Dennis Hopper, falecido agora) e o apelo à estrada em busca de novas experimentações sociais, mas apenas a procura de emprego num pequeno eldorado onde se arranje um emprego. A fragilidade psicológica da personagem ajuda ao quadro de desagregação de valores que se pressente na sociedade actual, onde tudo corre mal e a única boa notícia é o reaparecimento da cadela Lucy.

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