quarta-feira, 14 de julho de 2010

Notas sobre o Heavy Metal

Agora que estamos na época dos festivais de música popular e urbana, escrevo algumas notas sobre o heavy metal (música pesada), a partir do trabalho de um aluno meu, Nelson Nunes Fernandes, a quem agradeço a autorização para aqui publicar esses apontamentos. Parto de duas estruturas do género musical iniciado há cerca de quatro décadas, as de produção e de recepção.

Quanto à primeira, o género pode decompor-se em quatro elementos, o primeiro dos quais a estética dos músicos, geralmente identificados por cabelos compridos, tatuagens, roupas pretas e corpulência física. O segundo elemento é o da estética dos instrumentos musicais, em que as baterias são mais volumosas que noutros géneros de música eléctrica, apostando-se numa grande variedade de tambores e címbalos, além de dois bombos. A percussão de Mike Portnoy, dos Dream Theater, é um exemplo. Quanto às guitarras, há uma musicalidade mais negra, com sonoridade distorcida e volume muito elevado, com exemplos das Gibson Flying V, (ambas usadas por James Hetfield, dos Metallica) e Dean Razorback (usada pelo desaparecido Dimebag Darrell, dos Pantera).



À sonoridade dos instrumentos, junta-se a voz: com frequência, ela é gritada. Mas também se valorizam a melodia e a musicalidade da voz. Se Bruce Dickinson, dos Iron Maiden, é um exemplo, também a prestação de Corey Taylor é significativa. Taylor tem duas intervenções distintas, conforme actua na banda Slipknot (onde produz sons guturais) e na Stone Sour (onde se pode comparar a um vencedor do concurso American Idol). Um último elemento é o das temáticas: ao invés da música popular, onde se abordam temas superficiais e de índole sentimental, o metal traz profundidade às questões, dando relevo à política e às problemáticas sociais.

Quanto à recepção, podemos falar de dois elementos, o primeiro é o do nível etário, composto maioritariamente por adolescentes e jovens adultos. O segundo prende-se com códigos usados pelos fãs e muito identificáveis durante os concertos. Um é o código de vestuário, com os rapazes vestindo t-shirts pretas ou com o logótipo ou outro sinal identificador da banda (e correntes presas às calças, agora deixadas à porta de entrada do recinto por questões de segurança) e as raparigas vestidas de preto e de maquilhagem preta nos lábios e/ou em volta dos olhos. O outro é o código dos comportamentos, casos do sinal de cornos (punho cerrado com dedos indicador e mindinho abertos), como se a música fosse uma forma;de afastar o demónio e mau-olhado, gesto que funciona como cumprimento entre bandas e público (para o público, quer dizer que a música é óptima; para os artistas, indica que o público está a ter um comportamento excepcional), mosh pit (numa área do público, alguns membros chocam com outros, em especial quando a música tem um ritmo mais acelerado, o que significa libertação de energia), e gritos hey! hey! quando apenas a bateria marca o ritmo.

O heavy metal começou nos finais da década de 1960, em bandas como Led Zeppelin (aqui o link para uma versão de Whole Lotta Love) e Black Sabbath). No final da década seguinte, surgiria uma nova vaga, de que se destacaram Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead e Saxon. Na década de 1980, surge uma primeira contaminação de géneros, como pop-metal, glam metal (bandas do tipo de Mötley Crue, Kiss, Aerosmith e Bon Jovi) e trash metal (Anthrax, Megadeth, Slayer e Metallica).

Há, para os cultores do heavy metal, uma manifesta criação de estereótipos que não fazem a regra. Violência, barulho e ruído gerados pelos concertos de bandas de heavy metal, que conduzem a destruição e caos após a conclusão dos concertos, é uma ideia exagerada dos que não gostam daquele tipo de música, afirmam os fãs do género.

Sem comentários: