"Em que momento começa realmente a viagem? A vontade, o desejo, é claro, a leitura, tudo isso define o projecto, mas a viagem em si, quando a podemos dar por iniciada? [...] existe um momento singular, identificável, uma data de nascimento óbvia, um gesto que assinala o início: o gesto da chave na fechadura da porta do nosso domicílio, quando damos a volta à chave e deixamos para trás a casa, o nosso porto de abrigo" (p. 37).
"Depois do tempo ascendente do desejo e do tempo excitante do acontecimento, chega o tempo descendente do regresso. [...] um exercício perpétuo de nomadismo far-nos-ia sair dos limites da viagem arrastando-nos para a permanente errância, para a vadiagem. [...] Para além do mais, o regresso ao domicílio imprime um sentido, o seu sentido, ao nomadismo - e vice-versa. A alternância entre partidas e chegadas possibilita uma verdadeira definição do habitar tão caro a Heidegger" (pp. 93-94).
Leitura: Michel Onfray (2009). Teoria da viagem. Lisboa: Quetzal
[Cluny, 2006]
[Lisboa, 2010]
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