quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CIDADES - 5

Escreve Zygmunt Bauman que as áreas habitadas conhecidas como urbanas e chamadas cidades caracterizam-se por forte densidade de população e elevadas taxas de interacção e comunicação.

Dos tempos antigos, como na Mesopotâmia, à idade média, os limites das cidades eram definidos por valas e muralhas, defesas contra inimigos, contra os "outros". A cidade era o lugar seguro.

Hoje, recapitula Bauman, há uma curiosa alteração no papel histórico da cidade e um desafio claro às intenções originais dos construtores das cidades e às expectativas dos seus habitantes. Aponta mesmo uma inversão milenar da relação entre civilização e barbárie, com o terror e a violência a instalarem-se na cidade. Ou seja, as fontes de perigo vieram para dentro da cidade e ameaçam permanecer. Misturam-se amigos e inimigos, nós e os outros, sobretudo os estranhos ganham espaço. A guerra contra a insegurança, e em particular contra os riscos e perigos para a segurança pessoal, encontram-se dentro da cidade. Por isso, surgem novas trincheiras: acessos intransponíveis e armados, edifícios em condomínios fechados, com vigilância electrónica.

Separar e manter distâncias - eis a estratégia mais habitual na luta urbana pela sobrevivência.


Leitura: Zygmunt Bauman (2007). Tiempos liquidos. Vivir en una época de incertidumbre. Barcelona: Tusquets, pp. 103-105

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