sábado, 2 de outubro de 2010

FOTOGRAFIA

As porcelanas das casas de banho masculinas são variadas, umas mais recatadas (mais individualizadas) que outras, com separadores entre cada mictório. Quase sempre, o equipamento fica junto a uma parede de cor neutra, algumas vezes há graffiti adequados (ou como alegoria) à situação, nunca agradáveis de ler. Marcel Duchamp, em 1917, usou um mictório como obra de arte, a que chamou A Fonte, e tornou-o uma das mais representativas manifestações do dadaísmo. Recentemente, colocaram-se suportes de publicidade, mas raro esta existe. Em cafés e locais onde a música é elemento principal, as paredes surgem adornadas com cartazes de espectáculos anteriores. Em Amsterdão, numa praça com muitas cervejarias, a edilidade colocou um urinol mesmo no centro desse espaço público. Nele, não há qualquer resguardo dos olhares exteriores, como em alguns urinóis de estilo arte nova. No jardim do Passeio Alegre, no Porto, em edifício adequado à função, pode-se apreciar uma casa de banho pública de finais do século XIX como se fosse museu. Sinaléctica e vocábulos indicativos do local (toilette, servicios, WC, Homens, Ladies) e odores (por isso, a contínua necessidade de água corrente e sabões, detergentes e cheiros químicos fortes) são elementos permanentes. Por vezes, na sinaléctica há muita criatividade, podendo dizer-se que a uma ideia geral universal surgem múltiplas alternativas, tornando até a leitura muito complexa. À ideia antiga de gratuitidade do serviço corresponde uma crescente corrente do seu pagamento, como em locais em Londres ou Paris, estrategicamente colocados em zonas de grande concentração urbana como os monumentos públicos, ou em todas as grandes cidades com espaços metálicos identificados onde se coloca uma moeda em ranhura para entrar. Um movimento mais recente foi o de colocar imagens como a que surge ao lado. Não se torna necessário fazer uma longa dissertação sobre o que se vê (foto gentilmente cedida por PCS, tirada em Praga).

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