Com o título A multidão e a televisão. Representações contemporâneas da efervescência colectiva, Eduardo Cintra Torres defendeu hoje a sua tese de doutoramento, na sala do Senado da Reitoria da Universidade de Lisboa. O júri, constituído por Jorge Vala, Salvador Giner, Francisco Rui Cádima, António Firmino da Costa, José Machado Pais e Manuel Villaverde Cabral, atribuiu-lhe a máxima classificação.
Crítico de televisão (Público) e de publicidade (Jornal de Negócios) e docente da Universidade Católica, Cintra Torres abordou no seu trabalho autores como Aristóteles, Émile Durkheim e Gabriel Tarde. Procurou entender como a multidão se relaciona na vida social, analisou o efémero da multidão como fenómeno permanente e aplicou o conceito na política e na estética. Apesar de não falar dela, Durkheim foi, nas palavras do novo doutor, o autor principal da multidão. Mas também enalteceu Tarde, o primeiro autor a fazer a passagem de multidão para público (reconhecida a sua influência apenas pela escola de Chicago e, recentemente, por investigadores como Elihu Katz). A multidão é espectáculo, é a efervescência colectiva que se reintegra na sociedade com regras e leis, mas também é porto seguro para o indivíduo. Cintra Torres distinguiu ainda entre multidão transformadora e revolucionária. Como metodologia, fez uma selecção de casos e estabeleceu uma comparação em termos de análise textual como unidades criativas de som e de imagem. Para Cintra Torres, os media representam a multidão na sua intenção de apresentação para corresponder às expectativas dos espectadores. Televisão e multidão partilham tempo e espaço, multidão é imagem e som devolvidos pela televisão.
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