Ontem, Geoff Pevere, na sua coluna do thestar.com, relata uma experiência de ida ao cinema. No filme assistido (A rede social, que retrata a história do Facebook), verificava-se que os espectadores comentavam entre si como se estivessem reunidos em casa. Eu acrescento o impacto da cultura do telemóvel. Antes do começo da projecção do filme, os aparelhos são desligados (quando o são), mas vê-se frequentemente serem consultados ao longo da projecção do filme e há quem proceda à escrita e envio de mensagens.
Geoff Pevere vê os media digitais como criadores de um mundo diferente do existente há 15 anos, por exemplo, com diferentes modos de pensar, viver, comportar-se, criar e consumir. Parece que a nova geração acelerou a forma como vê as questões culturais e políticas. Cita Don Tapscott e Anthony D. Williams no livro Macrowikinomics, que situam as indústrias culturais como centrais na mudança da era digital. Para estes autores, torna-se preciso remodelar os velhos modelos, perspectivas e estruturas ou corre-se o risco de paralisia ou colapso institucional.
A mudança é forte na cultura popular. Os antigos modelos de criação, produção e difusão estão a transformar-se ao longo da última década. As indústrias produtoras de música, cinema, televisão, livros e notícias assistem à mudança dos seus paradigmas e, mais do que isso, à sua explosão. O futuro, para além da sua imprevisibilidade, representa muito prazer e paixão pela experiência e pelo novo. Às mudanças tecnológicas corresponde uma evolução no cérebro, dizem os deterministas tecnológicos.
Para Pevere, seguindo Henry Jenkins, os novos meios já não veiculam a informação como átomos mas como bits. Ou seja, o conteúdo musical, fílmico ou outro é (ou pode ser) reproduzido quase infinitamente e voa em torno do mundo à velocidade da luz. Isso reflecte-se no modo de pensar.
Voltando ao cinema, Pevere descreve uma nova etiqueta de estar numa sala, o que significa uma nova maneira de se pensar o cinema. Ele omite que um filme, antes de ser visto num respeitoso silêncio, demorou décadas a estabelecê-lo. Valores como cinema de autor ou cinema como indústria cultural de simultâneo entretenimento e educação, a par da maior complexidade dos guiões e da selecção geográfica das salas, criaram essa etiqueta.
Nas próximas semanas, o colunista do thestar.com analisará outras três áreas de erupção, como designou: música, televisão, livros.
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