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Há um quadro psicológico individual, em que a solidão e o insucesso crescem e levam Lucki, Dorita e Gemma a um quadro de grande violência: fuga através da bebida, machismo e desprezo pelo género feminino, submissão, pobreza mas vontade de continuar a representar diante de um público. A decadência e a morte parecem esconder os sonhos, a magia, os papéis do palhaço e da trapezista, do domador e do ilusionista, do declamador e do artista trágico, os contos de fadas, o bailado, a canção de amizade e carinho, a juventude que os artistas tiveram e acreditaram existir para sempre, a par do êxito escasso e efémero.
A peça, com encenação de João Paulo Costa, representa dois mundos: o palco (o espectáculo em si) e o bastidor (o que se esconde, em especial a violência dentro do grupo), como o sociólogo Erwing Goffman ilustra os seus livros. A cortina, ao abrir, fechar e entreabrir, permite ao espectador aceder a esses momentos. Por vezes, o silêncio é tão intenso como a conversa ou os gritos. Outras vezes, a música que cantam, as danças que apenas ensaiam, as plumas e os adereços que usam, soam a falso. O cenário, uma roulotte, simultaneamente o palco e o espaço onde vivem, comem, dormem, discutem e brigam, enquadra bem o lado saltimbanco do grupo.
![](http://industrias-culturais.hypotheses.org/files/2011/06/lucki-e-as-baibies1-300x200.jpg)
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