No congresso da SOPCOM, em realização no Porto, estive na sessão "Inova: O Futuro Provável: as Indústrias Criativas, os New Media e os Media Tradicionais", ao final da tarde de ontem. Na mesa, apresentara-se quatro conferencistas: Pedro Sousa, coordenador de projecto na agência INOVA, sediada no Porto, Bruno Pereira, director e editor da Magnética Magazine, com sede em Lisboa, Luís Ismael, realizador de cinema ligado à Light Box, oriunda do Porto, e João Peres Alves, partner da Ayr Trends, consultora que aplica as tendências do consumidor aos negócios, com escritórios em Lisboa, Amesterdão, S. Paulo e Miami.
Em Portugal, o recente estudo de Augusto Mateus sobre o sector cultural e criativo, e debatido nas mensagens do blogue, trouxe uma ampla discussão pública, pelos valores divulgados quanto ao PIB das actividades das indústrias criativas, no sentido do tópico desenvolvido por Richard Florida sobre cidades criativas, economia criativa e indústrias criativas. Para avaliar as indústrias criativas, Florida elaborou dois índices, o índice boémio, que apresenta a produção cultural (actividades de grande público versus actividades de vanguarda), e o índice de diversidade social (tolerância ou aceitação em termos de variadas comunidades criativas). No país, e nomeadamente em Lisboa e no Porto, tem havido uma profunda discussão sobre as indústrias criativas e a sua aplicação no país. Por exemplo, ainda este ano, a Fundação de Serralves promoveu um ciclo de conferências O Imaterial: Os Novos Paradigmas da Contemporaneidade, iniciativa focada no pensamento contemporâneo com abordagens entre a economia e a cultura. Richard Florida descrevera e analisara mega-regiões, casos de Dallas-Austin (Texas) e Barcelona-Lyon, na perspectiva da economia da criatividade. A ADDICT (Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas) deu um passo essencial ao colaborar com a universidade do Texas (Austin) na promoção de uma rede global aberta constituída por cidade médias de todo o mundo, em que a partilha de tecnologias e talento estejam orientadas para o negócio. A agência tem, no plano de actividades de 2012-2013, objectivos como capacitar e valorizar os recursos criativos (criatividade individual) numa economia baseada no talento e criatividade (criatividade empresarial) e com maior massa crítica urbana e atractividade do território (criatividade urbana). A sua actuação reside em três pilares de actuação e competências: pessoas, negócios e lugares com conhecimento, conectividade e promoção. Os sectores prioritários do plano são design, arquitectura, audiovisual e software. Outros sectores como tecnologias da informação, publicidade, design de moda, música e artes performativas beneficiarão do valor daqueles sectores estratégicos. Também a agência INOVA - Associação para a Cultura e Criatividade, a promotora da mesa da SOPCM, tem como missão contribuir para a afirmação das artes, do sector cultural, das indústrias criativas e dos seus agentes como elementos fundamentais de desenvolvimento da sociedade portuguesa. O congresso da SOPCOM daria cidadania ao tema, convocando-o para o assunto central do seu VII congresso no geral e para aquela mesa em particular.
Pedro Sousa (INOVA) falou de uma imagem prospectiva, da relação com os novos media, do apoio a projectos e do número de pessoas que trabalham na área. Acabou por reconhecer que ainda não existe um cluster (feixe) de actividades no Porto ligadas às indústrias criativas, mas espera que isso possa acontecer. Para tal, torna-se necessário, acrescento eu, haver mais envolvimento nacional e internacional, projectos e capital de risco. Bruno Pereira falou essencialmente da sua revista, que eu aconselho a fazer uma visita: Magnética Magazine. Luís Ismael falou do sector deprimido que é o audiovisual no Porto, por oposição a um sector mais pujante aqui em Lisboa. Para ele, há necessidade de formar mais quadros técnicos e criar estruturas de produção regionais. João Peres Alves desenvolveu a ideia das tendências de consumo para os próximos anos e como os media (velhos e novos) podem ajudar a captar e centrar essas tendâncias. Ele disse ser preciso haver confiança e transparência na vida, de modo a que a relação entre consumidores e produtos se reforce. A onda (alteração momentânea) precisa de chegar a ser moda e, em especial, a tendência.
A sala onde decorreu a mesa sobre indústrias criativas estava bem composta de assistência, mau grado a forte concorrência da mesa paralela, onde se discutia a internacionalização da comunicação, a qual arrastou muitos dos conferencistas, caso dos jovens investigadores do sector.
A seguir, um pequeno vídeo com parcelas dos textos dos quatro comunicadores na fase de perguntas e respostas.
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