O divórcio entre Nader (Peyman Moaadi) e a sua mulher Simin (Leila Hatami) foi difícil de obter. O juíz não compreendia as razões da mulher. Simin queria sair do Irão porque precisava de liberdade para investigar e viver. Ele opôs-se, assim como a filha quase adolescente. Para tratar do seu pai que sofria de Alzheimer, Nader contratou uma mulher jovem, Razieh (Sareh Bayat). Esta mulher está grávida e não obteve consentimento do marido para trabalhar em casa de um homem, obrigada a cuidar dele. Um acidente que sofreu depois, leva a um processo judicial em que Nader é considerado culpado de a ter empurrado por escadas abaixo. O julgamento tem um cunho religioso e moral.
Quando vi o filme, questionei-me: será que o realizador vive ainda no Irão? Vi que sim, mas fiquei à espera de novidades. Elas vieram agora: após ganhar o Óscar de melhor filme estrangeiro, depois do Urso de Ouro do Festival de Berlim, as autoridades do Irão proibiram internamente a cerimónia de consagração ao filme, que deveria acontecer hoje.
O filme é um belo filme, que me agradou pela história, pelas interpretações e pela fotografia. Mas eu imaginava alguma restrição de movimentos ao autor do filme, Asghar Farhadi: a personagem da filha do casal divorciado representa o lado retrógrado da cultura moderna, pela submissão a códigos morais antiquados e punitivos. Um regime fechado, ainda mais quando fez uma recente viragem política conservadora, torna qualquer crítica muito difícil. A separação de um casal mostrada no filme prenunciava a separação do realizador face ao regime político do seu país. Admiro muito a coragem deste e de outros homens e mulheres no Irão, país muito antigo, de raízes culturais diversas e ricas, mas com uma orientação política atual que a todos preocupa.
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