segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

2ª Festa da Rádio em 1944, com discurso de António Ferro

A 16 de Fevereiro de 1944, na 2ª Festa da Rádio, em Lisboa, António Ferro fez um discurso. A ideia era transmitir o discurso a partir de uma gravação, projecto inédito. Mas, por dificuldades técnicas, o presidente da Direcção da Emissora Nacional, teve de ir ao palco e ler o seu texto. Como a gravação em disco já era usual, e sem informação adicional na minha investigação, presumo que fosse uma gravação magnética. Então, a Alemanha fornecera à Emissora Nacional os primeiros gravadores de fita magnética. A tecnologia estava no início; por exemplo, os americanos desenvolviam gravadores de fio de aço, depois mais vulgarizados, mas com enormes dificuldades de reparação quando o fio partia. A tecnologia alemã era mais sofisticada e acabou por triunfar depois do final da Guerra Mundial, com as patentes na posse dos americanos.

A literatura sobre a vinda dos magnetofones (nome que tinha o aparelho) para a Emissora Nacional dizia que Portugal fora o único país a ter esse equipamento fornecido pela Alemanha, prova da ligação muito forte com o governo de Salazar. Mas duvido disso. Nos países escandinavos também havia equipamentos semelhantes e na mesma altura.

Junto a notícia de Francine Benoit publicada no Diário de Lisboa, de 17 de Fevereiro de 1944, onde não há qualquer alusão à falha ténica.


Ora, o meu ponto de partida revelou-se falso. A leitura de Rádio Nacional (27 de Fevereiro de 1944) permitir-me-ia encontrar a solução. Na Festa da Rádio, ao começo da segunda parte, António Ferro aparecia no palco do S. Luís. Ele "queria assistir aquela festa como espectador", "tinha resolvido esconder-se num camarote para ouvir a sua própria voz" e fez "a experiência de gravar o discurso em «disco» mas viu depois que não tinha ficado bem". Poderia ter alegado doença e faltar mas ele gostava muito de assistir (e falar).

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