terça-feira, 24 de junho de 2014

Fazer notícias segundo Nikki Usher

Quando na aula discutimos o texto de Nikki Usher Goodbye to the News: How Out-of-work Journalists Assess Enduring News Values and the New Media Landscape (texto publicado na New Media & Society, 2010: 911-928), vim embora intranquilo. O texto era claro mas expressava um ponto de vista pessimista: jornalistas despedidos por encerramento de jornais ou redução de pessoal nas redacções escreviam cartas onde se chamava a atenção para a perda de qualidade dos media e para o cinismo patronal que não via os jornalistas como pessoas com família mas como números. No texto, Usher surgia com uma base teórica simples mas poderosa: os conceitos de nostalgia, de Jameson, e de comunidade interpretativa, de Zelizer. Depois, partia para o método: uma análise de conteúdo de 31 cartas escritas por jornalistas despedidos.

A palavra (ou conceito) mudança era a mais evidenciada no texto. Agora, com a edição de Making News at the New York Times (2014, Ann Arbor: The University of Michigan Press), o pensamento da jovem investigadora torna-se mais transparente. Deixo ficar algumas ideias do último capítulo, Prelúdio a Quê? Ela avança com três palavras-chave do novo jornalismo: urgência (no sentido de imediato), interactividade e participação. Refere que estamos num ponto de viragem de paradigma, seguindo Thomas Khun, onde ainda não há todas as certezas mas em que mudaram: as tecnologias (as redes sociais estão na ordem do dia; a actualização 24 horas por dia; a agregação de conteúdos e não a simples produção), as audiências (conteúdos gerados por utilizadores), os métodos de distribuição. Mantêm-se, seguindo Herbert Gans, o inspirador de Usher, as rotinas e as práticas de produção de notícias e a influência das fontes poderosas, apesar de existirem fontes de informação novas e não tradicionais, caso da informação veiculada pelo Twitter.

Sem comentários: