sábado, 11 de julho de 2015

"De mochila às costas. O (des)emprego pode esperar" (Diário de Notícias de hoje)

"«Viajar não é passar umas férias lindinhas de cocktail na mão», conta Maria Miguel Pereira (32), a Mami Arqueolojista, que partiu do México para o Panamá há seis meses, de onde regressou recentemente. «Há dias de praia e de aventura, mas também há dias de chuva e cansaço. Os meus preferidos são quando já começo a sentir-me mais do sítio. E esses são os dias de ir ao café, falar com a velhota que viveu os tempos da revolução, comer bem na tasquinha ou sentar no banco de jardim da praça e sentir que a vida lá de fora é igual à de cá mas perceber que existem outras estratégias de lidar com as mesmas dificuldades, e isso é conhecimento precioso», conta. Passou 180 noites fora. Dormiu em hósteis baratos, em autocarros, tendas e até em sofás alheios - o couchsurfing que traz surpresas a cada casa que se conhece. Não tem, porém, dúvida nenhuma: «Lá fora percebe-se o muito que há cá dentro». Talvez por isso, reconheça que há cada vez mais portugueses a aderir a estas «modas». «Um português no mundo descobre que tem uma guelra de herói. Somos resistentes, hospitaleiros e unificadores. Somos do caraças!», diz, admitindo que a sua casa agora também é de quem viaja: «Estou a arrendar a minha casa a mochileiros. Misturamos histórias de lá com o vinho de cá» (Diário de Notícias de hoje).


Ia vendo algumas imagens da Maria Miguel na América latina, algumas a lembrarem a Frida Kahlo, por causa das roupas que vestia, mas não sabia da longa digressão que ela fez nos últimos seis meses. De quando em vez, escrevíamo-nos, por causa do seu sítio Arqueologista de Lisboa, ela que fora minha aluna há alguns anos. Agora percebi. Lê-se no começo do artigo de Ana Margarida Pinheiro: "João Vasconcelos, presidente da Startup Lisboa, convive diariamente com jovens e sabe que estas experiências estão a crescer depois de anos de vontade e de falta de capacidade económica. «No meu tempo havia o inter-rail, que ainda existe, mas era uma coisa restrita. Agora é tudo mais fácil, com as companhias low-cost». A novidade, diz, é apenas nossa: «Muita gente de outros países está habituada a passar temporadas fora. Os norte-americanos e os brasileiros há muito que vêm passar um ano à Europa. Os portugueses estão agora a despertar para essa realidade», afirma. E há uma vantagem grande face ao seu tempo: estas opções, que podem acarretar a demissão ou uma licença sem vencimento, são bem vistas pelas empresas. «Os melhores empreendedores que temos na Startup Lisboa têm todos uma coisa em comum: ou viveram ou estudaram no estrangeiro», afirma".

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