Álvaro de Andrade não escreveu propriamente uma história da rádio, mas deixou algumas memórias escritas nas páginas do Diário Popular. Procurarei recuperar os seis ou sete textos que editou, a começar pelo publicado a 4 de agosto de 1970. Do que se lê, trata-se da memória de dois dos locutores mais antigos da Emissora Nacional, a que Álvaro de Andrade esteve ligado na época inicial. Os pioneiros, como lhe chama, são Fernando Pessa e João da Câmara.
Álvaro de Andrade, do qual já escrevi aqui na sua faceta de homem ligado ao teatro, dirigiu dois semanários de rádio (Rádio Semanal e Rádio Nacional), organizou o Anuário Radiofónico Português (1937, 1938) e foi adjunto da direção de Serviços de Produção da própria Emissora Nacional.
De Pessa destacaria a "voz inteligente, agradável, otimista". A ida do locutor para Londres no período da II Guerra Mundial criou um vazio, preenchido com as crónicas e os programas emitidos pela BBC. De Câmara, destacaria as reportagens das missas dominicais da igreja de São Domingos e a apresentação dos programas de ópera no São Carlos, com "a facilidade elegante e culta da locução e a pureza da linguagem, aliadas ao timbre equilibrado e insinuante da sua voz clara".
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