A voz de João Paulo Guerra já não se ouve na manhã da Antena 1 (8:20), a ler e comentar as notícias dos jornais, a Revista de Imprensa. Soube agora que ele foi substituído por João Paulo Baltazar, o diretor de informação da rádio pública.
Eu tenho um elevado apreço pelo trabalho de João Paulo Guerra. Creio não haver ninguém com a acutilância da leitura e do cruzamento de histórias jornalísticas como ele. Ele lia como se fosse uma página do melhor romance, dado o enredo e a harmonia com que mudava de tópico. Por outro lado, já não há fechos do espaço com o anúncio de um festival de poesia ou de gastronomia. E ainda a ironia que ele punha nas palavras quando falava sobre certos temas.
Em entrevista para a minha investigação sobre rádio, João Paulo Guerra contou-me que o seu trabalho começava cerca das cinco horas da manhã quando recebia os jornais em casa. Lia atentamente as publicações para ter pronta, às 7:20, uma leitura das capas e, uma hora depois, a leitura dos assuntos mais importantes. Tinha equipamento ligado à RDP para fazer o seu trabalho diretamente de casa. Depois, ia correr para o estádio do INATEL. A atividade dava-lhe duas vantagens: ao levantar-se cedo tinha um dia muito comprido, ao correr no estádio mantinha a sua forma física.
O novo leitor do espaço chama-lhe timidamente quiosque e o animador António Macedo não me parece tão à vontade. Pelo menos não se lhe ouve o "assim seja" como na despedida de cada intervenção de João Paulo Guerra. Não sei se João Paulo Baltasar tomou a melhor atitude ao substituir o veterano leitor de notícias, pois o seu dia de trabalho é tão intenso em termos de decisões e de estratégias para se comprometer com uma rubrica de rotina diária e muito matinal.
Atualização em 11.10.2015: ver aqui: João Paulo Guerra passa a participar num comentário semanal chamado O Fio da Meada, em conjunto com outros intervenientes.
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