O bunraku é uma das artes performativas tradicionais japonesas das mais significativas, tornada património intangível da Unesco em 2003, combinando de modo colaborativo recitação narrativa, música shamisen e marionetas. As origens do Bunraku remontam ao seculo XVII, quando se integraram as apresentações antigas de marionetas (ayatsuri ningyo) com as narrativas medievais (joruri), chamadas narrativas de marionetas (ningyo joruri).
A sua popularidade atingiu um grande sucesso com os trabalhos de Chikamatsu Monzaemon e o narrador Takemoto Gidayu e a criação do teatro Takemoto em Osaca em 1684. Os teatros que foram surgindo tiveram êxitos distintos até que, em meados do século XIX, Uemara Bunrakuken, natural de Awaji, abriu um novo teatro com tal sucesso que, a partir daí, o seu nome se tornou sinónimo desta forma de arte. Ainda hoje tem o nome de bunraku.
As melhores peças foram escritas no século XVIII e mantêm uma grande aceitação popular.
Narrador (tayu) e músico de Shamisen são elementos essenciais, em que exige sincronização na sua arte, envolvendo técnicas de controlo de respiração. O narrador atua em estilo de balada épica (gidayu-bushi). Além de narrar a história dos acontecimentos, também descreve as características da personagem, fazendo vozes diferentes para marionetas que representam homens ou mulheres, velhos ou jovens e a natureza e sentimentos pessoais, de modo ao som parecer verosímil. Para a récita, o narrador segue um libreto (yukahon), com cinco linhas por página. A tradição é a de o narrador copiar o libreto que usa na atuação, mas pode herdar um libreto do seu professor. Há ainda copistas tradicionais. Há ainda libretos de sete ou oito linhas verticais de escrita.
O shamisen, instrumento musical usado nas peças do bunraku, tem três dimensões, da mais pequena à maior. O uso de cordas mais ou menos finas dá uma mais ampla sonoridade, que acompanha a expressão da emoção em presença. O primeiro shamisen terá chegado ao porto de Osaca na década de 1560, ido das ilhas Ryukyu, mas no século XVII havia já alterações artísticas na sua forma, incluindo o aperfeiçoamento de um estilo vibrato.
Para operar cada marioneta são precisos três bonecreiros ou operadores, o que torna o teatro bunraku único neste tipo. Apenas um operador, o mais qualificado, é que tem o rosto descoberto. Cada operador produz movimentos subtis, o que no conjunto significa maior aproximação às atitudes humanas. Os bonecos são guardados em peças, com as cabeças separadas da indumentária. As personagens femininas não têm pernas, pois o vestido comprido do quimono as taparia. As cabeças são tipificadas: o herói épico (Bunshichi), o jovem inteligente (Genda), a rapariga ingénua (Musume), a mulher madura (Fukeoyama). Às marionetas pode aplicar-se cabelo humano.
Em termos de guarda-roupa, este é mais pequeno do que na realidade e tem uma abertura atrás para a mão do marionetista. Apesar de o guarda-roupa no teatro bunraku ser mais estilizado que no teatro kabuki, os bonecos apresentam maior opulência (jidaimono). Nas peças contemporâneas (sewamono), o guarda-roupa é mais realístico, embora sempre com grande simbolismo na sua forma. Além do guarda-roupa, outros elementos vitais na representação são espadas, leques e chapéus de chuva, que introduzem efeitos narrativos e dramáticos.
Aspeto a considerar é a construção do palco. Por vezes, a ação decorre em vários sítios, criando-se a ilusão de um chão onde andam as marionetas. Além da cena onde estão as marionetas e os seus operadores, pode existir uma dupla narração, uma de cada lado do palco. Quando se precisa de vozes e sons diferentes dos presentes no palco, narradores e músicos são substituídos num palco rotativo.
[informação retirada de folhetos e imagens do Teatro Nacional de Bunraku, Osaca]
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