Já o conheço de o ver ali há alguns anos. Aliás, uma vez escrevi aqui sobre ele, efabulando quem seria e como vivia. Nas escadas de saída do metro, ele monta o seu negócio mais que pequeno: chapéus de chuva, algumas bijuterias, outros adereços. Fuma com muita frequência e conversa com alguns clientes esporádicos. De há meses a esta parte colocou um cartaz solicitando apoio para regressar à Venezuela, o seu país. Na semana passada, distribuía retângulos de folha a pedir que lhe comprassem por 50 cêntimos um dos seus produtos para ajudar à viagem.
Abordei-o e contou-me a história. No seu país, enamorou-se por uma portuguesa e veio para cá, 23 anos atrás. Casou, foi pai, mas divorciou-se. Filhos e pai também se afastaram. Teve um recente acidente vascular cerebral, que lhe afetou a fala, embora o ouvisse com desenvoltura. Mostrou-me uma cicatriz da operação. Agora, os filhos venezuelanos (40 e 36 anos) e os cinco netos querem vê-lo no país dele.
O que falta nesta história dramática que envolve dois continentes?
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