Esta é a quarta e última peça de Tennessee Williams (1911-1983) encenada nos Artistas Unidos. Depois de
Jardim Zoológico de Vidro,
Doce Pássaro da Juventude e Gata em Telhado de Zinco Quente, chegou a vez de A Noite da Iguana (1961). Com Nuno Lopes (Lawrence Shannon), Maria João Luís (Maxine Faulk), Isabel Muñoz Cardoso (Judith Fellowes), Joana Bárcia (Hannah Jelkes), Pedro Carraca (Hank Prosner), Tiago Matias (Jake Latta), João Meireles (Herr Fahrenkopf), Vânia Rodrigues (Frau Fahrenkopf), Pedro Gabriel Marques (Pancho), Catarina Wallenstein (Charlotte Goodall), Américo Silva (Nonno), João Delgado (Pedro), Bruno Xavier (Wolfgang) Ana Amaral (Hilda).
Lawrence Shannon, sacerdote expulso e depois guia turístico, chega a um pequeno hotel no México, fora das grandes cidades e do programa da viagem, onde reencontra Hannah Jelkes, agora viúva de Fred, com quem ele costumava conversar. As excursionistas resistem a permanecer no local, em especial Judith Fellowes. No final, o grupo da viagem triunfa e segue caminho, mas sem Shannon.
O antigo padre conhece, no pequeno hotel, Maxine Faulk, acompanhada pelo seu avó, o até aí poeta mais antigo em atividade. Os dois aproximam-se, em especial por um problema comum, a da necessidade de serem aceites pelos outros. Do mesmo modo que a iguana, que os empregados do hotel capturaram, Shannon e Faulk estão presos por cordas. O primeiro chega mesmo a ficar amarrado, depois de uma cena de grande ira, remediada à força por Hannah Jelkes, que o conhecia há muito e nutria uma paixão forte por ele.
A peça decorre, assim, em torno de três personagens, ele e as duas mulheres. Os encontros e desencontros acabariam por Lawrence Shannon ficar a co-gerir o pequeno hotel, junto a Hannah Jelkes, enquanto Maxine Faulk se afastaria. Como nas outras peças de Tennessee Williams, após um começo ou primeiro ato de múltiplas personagens com questões distintas e que fazem uma espécie de puzzle de temas, a segunda parte da peça entra no detalhe e na intimidade. A longa noite de insónias para as personagens principais, em que a iguana é liberta por ser uma criatura de Deus, retrata a obsessão com o mal e as trevas e as tentativas de êxito ou insucesso nessa luta. A velha solteirona ensina o mau padre a reencontrar-se consigo, ficando ao lado da viúva prática. A Noite de Iguana, como o autor diria, é uma peça sobre como viver para lá do desespero.
Encenação de Jorge Silva Melo, com cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves, em coprodução dos Artistas Unidos, São Luiz e Teatro de São João (Porto).
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