"Quando assumi o papel de crítico teatral, imaginei uma comunidade de debate onde o teatro era não tanto um espelho que refletia a sociedade, mas mais um martelo que forjava a realidade. Essa comunidade parece que se desvaneceu com o tempo. Termina aqui a minha ação enquanto crítico teatral do Público. Quando comecei, em 2005, escrevia uma crítica por mês, sobre espectáculos do Porto. Em Lisboa, havia mais duas pessoas a fazer crítica teatral. No Diário de Notícias e no Expresso havia textos todas as semanas. Hoje, só a Time Out Lisboa e o Jornal de Letras publicam regularmente. Na rádio e na televisão, na imprensa diária e semanal, nada", Jorge Louraço Figueira (Público, 20 de janeiro de 2017).
O crítico quase que termina assim: "A imprensa faz parte do espectáculo. Os artistas do teatro independente tiveram como sucessores os diretores de salas de espetáculos. Os jornalistas viram suceder-lhes as agências de comunicação. O formato das críticas está vazado, posto que foi ao serviço de tudo menos do teatro. A alternativa é acordar. O teatro tem como primeiro e último reduto a cena. Há festivais, teatros e artistas que trabalham contra os ventos. É preciso estar entre eles, dentro de cena, lutando com as armas da ficção e da atuação para impedir que as salas de teatro fechem".
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