terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Madalena Iglésias e o CPAR

Júlia Barroso, Francisco José (Galopim), Maria de Fátima Bravo, Artur Garcia, Maria Marize e Simone de Oliveira debutaram no Centro de Preparação de Artistas da Rádio (CPAR), estrutura da Emissora Nacional criada em 1947 e com Mota Pereira, cantor lírico, à sua frente. A ideia de António Ferro (então presidente da Emissora Nacional), era a rádio oficial (pública) ter artistas seus e com um tipo de canções adequadas ao tempo - música ligeira orquestrada. Os ensaios, para candidatos dos 14 aos 25 anos, decorriam todas as tardes nas instalações da Casa da Imprensa.

À "Flama" (meados de março de 1963 - não consegui apurar a data precisa), Mota Pereira disse: "o nosso apelo é mais para cançonetistas e intérpretes de «bossa nova», que aparentem um mínimo de todo artístico. Deito fora as cartas de recomendação: a melhor recomendação é a voz, o talento e a personalidade". Madalena Iglésias (1939-2018) foi uma das maiores revelações do CPAR, visível na sua vitória no festival da canção da RTP em 1966. Ela tinha voz, talento e personalidade.

Não gosto muito da expressão "nacional-cançonetismo", que abrange a música ligeira da época e a identifica apenas com o regime político de então. Também não gosto da expressão "música ligeira orquestrada", por extensa e por não responder ao propósito de Mota Pereira de intérpretes de "bossa nova".


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