Para conhecer a biografia do fotógrafo Bernardino Pires (1904-1977) torna-se imprescindível acompanhar o seu lado profissional de ilustrador de cartazes, prospetos e outros meios de publicidade. Cada trabalho era executado com muito pormenor, nomeadamente o desenho de insetos, feito à lupa a partir do natural. As letras, números e "letterings" eram desenhados à mão, inventando novos estilos de acordo com a época. Os trabalhos passavam pelas casas gráficas que faziam as gravuras, para composição final elaborada segundo uma maqueta prévia. O filho Daniel Pires, quando pequeno, fazia os "recados" de levar e trazer gravuras e provas que o pai depois trabalhava (memória de Daniel Pires).
Deixo aqui três exemplos de trabalhos, um em fase de desenvolvimento e outro pronto e dedicado a uma marca. A última imagem mostra uma pequena parcela do seu portefólio profissional. Fixo-me na primeira, onde Bernardino Pires propõe os "letterings" e a imagem da larva a saltar ávida para destruir o fruto e a colheita no seu todo (figura de estilo sinédoque). O Nevisox era um novo inseticida pronto a destruir escaravelhos, bichos da fruta e traças da uva. A empresa que comercializava o produto ficava na rua do Bonjardim (Porto) e tinha caixa postal a facilitar os contactos. Leio agora a terceira imagem, onde se vê a vasta procura do seu trabalho, de hotéis a seguradoras e fábricas de lâmpadas.
[espólio pertencente a Daniel Pires]