terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

LIVRO DE ELSA COSTA E SILVA SOBRE CONCENTRAÇÃO DOS MEDIA

Conforme referi neste espaço de comunicação, foi lançado há dias o livro de Elsa Costa e Sá sobre concentração dos media, na nova colecção de livros de comunicação da Porto Editora. Ele é o resultado de uma tese de mestrado que a autora defendeu em Novembro de 2002, na Universidade do Minho. Com um tema em constante movimento, Elsa Costa e Sá acrescentou várias considerações finais para actualização.

Trata-se de um livro bem organizado, dividido em três partes. Na primeira, define os conceitos de cultura, capitalismo, concentração e oligopólio, úteis para a concatenação da parte final. Já na segunda parte, apresenta os principais agentes do sector dos media no mundo e um capítulo sobre legislação e regulação, no seguimento de trabalhos já desenvolvidos pela Universidade do Minho. A última parte do livro da também jornalista do Diário de Notícias referencia o que me parece mais importante para a realidade nacional: a análise dos grupos de media em Portugal. A autora divide-os em quatro principais grupos - os históricos (Impresa; PT/Lusomundo) e os novos (Media Capital; Cofina). Apesar de elencar também os grupos do Estado (RTP, RDP) e da Igreja Católica (Renascença), a autora parte do princípio que os principais players são os quatro primeiros. Todo o capítulo 7 é dedicado a explicar as lógicas de concentração e as suas motivações.

Na parte final do seu livro, Elsa Costa e Silva inclui entrevistas aos principais protagonistas dos quatro grupos de media. Documento interessante, porque histórico, pois, volvidos quase dois anos sobre a data das entrevistas, muitas coisas alteraram. Mesmo um dos protagonistas já deixou de o ser...

Uma palavra final relativamente à Universidade do Minho e ao Instituto de Ciências Sociais (ICS), de onde parte esta tese agora publicada. O ICS conta já com um meritório trabalho teórico. Refira-se que não é por acaso que a recente classificação dada pela FCT aos centros de investigação em comunicação atribuiu a mais alta classificação ao centro ligado aquele instituto. A colecção agora encetada inicia-se com dois trabalhos produzidos naquela universidade [um a meias entre Elizabete Barbosa e o jornalista do Público e investigador António Granado]. E os dois coordenadores da colecção são nomes conhecidos no meio jornalístico e académico: Joaquim Fidalgo e Manuel Pinto. Em modesta análise feita por mim há dois ou três anos, eu previa estar a nascer a escola do Minho. O que já aconteceu.

Recordo ainda que os números mais recentes das revistas Media XXI e Jornalismo e Jornalistas (JJ) dedicaram amplo espaço ao tema da concentração dos media em Portugal.

Livro: Elsa Costa e Silva (2004). Os donos da notícia. Concentração da propriedade dos media em Portugal. Porto: Porto Editora

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