PARA QUE SERVE A BBC, PERGUNTA JOHN HUMPHRYS?
É este o título da última colaboração de John Humphrys para o Sunday Times, ele que escrevia há cinco anos regularmente a coluna, saída exactamente na edição de hoje daquele jornal inglês.
Segundo o sítio da BBC, Humphrys trabalha na BBC desde 1966, quando se tornou repórter sediado em Liverpool. Mais tarde, foi colocado em Londres, sendo chamado a cobrir a guerra entre a Índia e o Paquistão. Tornar-se-ia, aos 28 anos (nasceu em 1943), o primeiro correspondente de televisão a tempo inteiro nos Estados Unidos, cobrindo estórias como a revolução do Chile, o Watergate e a resignação do presidente Nixon. Apresentador do jornal das Nove e, desde Janeiro de 1987, apresentador do programa Today, da Radio 4, foi acusado em Março de 1995 de envenenar o "debate democrático". Contudo, o seu trabalho de mais de quarenta anos ao serviço da estação pública inglesa de rádio e televisão valeram-lhe muitos prémios, descrito como "um dos mais brilhantes jornalistas do país". Em Fevereiro de 2000 foi nomeado jornalista do ano e em 2003 recebeu o "Gold Sony Radio Award" (o equivalente, na rádio, aos óscares).
Mas, então, para que serve a BBC?
Entremos, pois, no artigo hoje publicado no Sunday Times. Humphrys tem como ponto de partida as demissões do presidente e do administrador executivo da BBC - como fruto das ondas de choque provocadas na sequência da morte de David Kelly, o cientista que foi a principal fonte do jornalista Andrew Gilligan, autor de peças noticiosas denunciando o tom "apimentado" das opiniões de Tony Blair sobre as armas de destruição maciça do Iraque. Considera Humphrys que uma empresa que perde duas cabeças de uma só vez está em profunda crise. Isto num momento em que se renegoceia a carta da BBC. A discussão desta é sempre um momento de grandes dificuldades. Porque se questiona sempre para que serve o serviço público e como pode ser regulado.
Ora, escreve Humphrys, vive-se uma época de profundas mudanças na indústria audiovisual. Trata-se do nascimento da idade do digital, com o governo a querer acabar com as ondas analógicas. Surge, contudo, uma outra questão tecnológica, chamada PVR (personal video recorder), aparelho inteligente que grava o perfil de consumo de cada utilizador. Pode cortar a publicidade, efectuando uma "limpeza" nos programas preferidos de cada membro da audiência. Isto é mau para os canais que vivem da publicidade, pondo em causa a sua existência. E será a salvação da BBC, entendia o anterior presidente da BBC, Greg Dyke, que não teve tempo de assistir a tal revolução, levado na onda da morte de Kelly.
Quase em estilo de testamento, e num tom triste, John Humphrys afirma que, em cinco anos da coluna do Times dominical, nunca escreveu sobre a sua casa, a BBC. Mas fá-lo na despedida da coluna. Em que pede, para a BBC, um presidente forte e independente de todos os partidos políticos. Pois, escreve ainda, é fundamental continuar a existir uma estação pública.
LUTAR CONTRA A PIRATARIA
O mesmo Sunday Times de hoje dá conta da luta contra a pirataria nos DVD. Companhias cinematográficas como a Universal e a 20th Century Fox acordaram com os principais distribuidores de DVD, como a Woolworths, a Blockbuster e a HMV, em formar um grupo contra a pirataria nos filmes, a "Industry for IP Awareness".
Coincidências: "O Senhor dos anéis - o regresso do rei", com Liv Tyler e Orlando Bloom, já se encontra pirateado, o que quer dizer que a guerra é muito forte (imagens retiradas do sítio The lord of the rings).
O REGRESSO DOS CONCURSOS NA TELEVISÃO ESPANHOLA
Vem no El Pais de hoje, com o título "A ressurreição de um género", em artigo de Isabel Gallo. Escreve a jornalista que o regresso em cheio dos concursos à televisão espanhola revela o diagnóstico da aposta no horário de maior audiência dos vários canais. São concursos de estratégia, de cultura geral ou de voos intelectuais mais elevados, conforme um relatório da Corporación Multimedia, a base da notícia. Um dos que voltou em força foi o "Um, dois, três". Considera-se que os concursos actualmente em antena são o regresso das formas brancas e de bom senso face a anteriores concursos de tons quase masoquistas.
A HISTÓRIA DA MARIE CLAIRE ESPANHOLA
Desde 1907, a Marie Claire está nas mãos da família Aznar (não sei se tem alguma coisa a ver com a família do ainda primeiro-ministro espanhol). Mas, em 1998, três sociedades de capital de risco compraram 67% da empresa (Dinamia, Espiga e Bridgepoint), que pertencia ao grupo britânico Hartstone. Cinco anos depois, e como conta o El Pais de hoje, os sócios desentendem-se e os gestores nomeados pela família Aznar são destituídos. Uma das razões, diz-se, é que se opuseram à concentração numa só firma das anteriores três empresas.
A Marie Claire tem crescido de forma sustentada, lê-se na notícia que estou a citar: de €67,5 milhões em 1998-1999 passou a €87,9 milhões em 2002-2003. 40% do negócio provém da venda de revistas, ocupando 18% de quota de mercado em Espanha. Mas a Marie Claire também se especializou na oferta de roupa (interior e de banho), que atinge já 35% da facturação. A mudança estratégica da direcção que tomou posse em 1998 aponta para uma maior presença internacional, com filiais na Holanda e no Reino Unido.
ONTEM FOI DIA MUNDIAL DO TEATRO
Aproveitei para ver "De regresso à Broadway, os grandes mestres do musical americano, 2003", no teatro de S. Luís. Com direcção de João Pereira Bastos, director da Antena 2, e tendo como solistas Wanda Stuart, Henrique Feist e Teresa Cardoso de Meneses, entre outros. Confesso que sou fã de Teresa Cardoso de Meneses, que editou já dois discos (Je veux vivre, 2000; Alleluia, 2002). O programa incluía músicas de George Gershwin, Leonard Bernstein, Cole Porter, Irving Berlin, Lloyd Webber e muitos mais.
O teatro não é uma indústria cultural, mas mais uma arte (artesanal, se se pode dizer assim). Mas a envolvência de gente da rádio e dos discos - além de ser uma data a comemorar - merece esta minha nota.
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