sábado, 19 de junho de 2004

Notícias dos jornais de hoje

[mensagem colocada às 14:55]

1) Fusão Sony/BMG A Comissão Europeia terá aceite a fusão das editoras discográficas Sony e BMG (do grupo alemão Bertelsmann), segundo o Público. Da aliança sairá a segunda maior empresa discográfica do mundo (25%), a seguir à Universal, e a primeira no mercado comunitário europeu. Com este realinhamento empresarial, haverá apenas quatro majors na Europa (em vez das actuais 5) – Universal, Sony/BMG, EMI e Warner Music – controlando 80% do mercado europeu. A razão para a fusão servirá, segundo os seus promotores, para combater a actual crise do sector, devido à explosão da falsificação dos CD e da pirataria através da internet. Opinião diversa vem das editoras independentes, que acusam a concentração das majors como factor de declínio.

2) Reforma da comunicação social regional e local O Sindicato dos Jornalistas manifestou-se contra a aceitação dos cinco diplomas apresentados pelo Governo esta semana. Considera o sindicato que foi “excluído do processo de consultas para a elaboração dos diplomas”. Duas associações patronais, a Associação Portuguesa de Imprensa e a Associação Portuguesa de Radiodifusão, terão sido amplamente escutadas, conforme o Público.

3) Cofina vs Lusomundo Segundo o Expresso, a Cofina está interessada em activos da Lusomundo (no Jornal de Notícias e na TSF, mas não no Diário de Notícias). A Lusomundo fechou 2003 com prejuízos de €11,8 milhões, pensando-se fazer um aumento de capital (as sucessivas perdas anuais conduziram a uma redução do capital da Lusomundo, pelo que há necessidade de fazer a operação bolsista inversa). O problema maior na Cofina é que tem 19% da Lusomundo, através de uma compra recente, mas não dispõe de qualquer poder na condução de negócios da empresa. O espírito comprador da Cofina, através da Investec, poderá esbarrar na concentração de media. Quer a Cofina quer a PT (através da Lusomundo) já terão ultrapassado os limites impostos em termos de concentração, segundo a lei. Contudo, os patrões dos media (como Balsemão e, agora, Paulo Fernandes, da Cofina) consideram que falta dimensão aos grupos portugueses de media, em termos financeiros e à escala europeia, pelo que não se devem inviabilizar operações de concentração.

4) Nelson de Matos dispensado Título cru este impresso no Expresso, dando conta da saída de Nelson de Matos da editora Dom Quixote, retomando a notícia que eu já lera no Público do último dia 10. A razão próxima resulta da incompatibilização entre o editor e o novo gerente, apoiado pela administração do grupo espanhol Planeta, que comprou a Dom Quixote em 1999 (90%, acrescidos dos outros 10% que o próprio Nelson de Matos venderia). A Planeta, com sede em Barcelona, é a sétima editora a nível mundial. É especializada, nomeadamente, na venda de obras por fascículos. A Dom Quixote apareceu em 1965 pela mão da dinamarquesa Snu Abecasis (companheira de Sá Carneiro, o primeiro-ministro português que faleceu de desastre de aviação, conjuntamente com ela e vários políticos). Nelson de Matos nasceu em 1945 e foi responsável pelas editoras Arcádia (1974-1976) e Moraes (1976-1980) e co-fundador da editora & Etc. Entre os autores mais conhecidos da Dom Quixote contam-se Lobo Antunes, Cardoso Pires, Natália Correia, Manuel Alegre, David Mourão-Ferreira, Lídia Jorge e Inês Pedrosa.

5) O jornalismo para Manuel Vicent Este escritor ocupa, todos os domingos, uma parte da última página do El Pais. Agora, editou um livro com algumas dessas crónicas, Nadie Muere la víspera. Segundo o jornal madrileno, Manuel Vicent é um acérrimo defensor da imprensa como género de ficção – “o jornalismo é todo ficção e a história, ideologia, porque cada um valoriza e interpreta à sua maneira”. Ainda para ele, um artigo deve servir “para educar o olhar do leitor, a sua sensibilidade”. E sobre a sua escrita, Vicent entende que é “um convite a navegar. Escrevo para não tornar duro [amargar] o domingo ao leitor. Procuro dar-lhe algo que não o preocupe, prazenteiro, imaginativo, que lhe faça chegar a segunda-feira com alguma esperança em pensar que, ainda que o mundo se destrua, ele é maravilhoso". O seu texto de domingo deve ser solúvel com o aroma do café!

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