segunda-feira, 19 de julho de 2004

NOTAS SOLTAS

Do que li ou vi, mas ainda não incluira nos posts do blogue.

Público, 18 de Julho

"Ler para ouvir melhor" - Adelino Gomes escreveu sobre rádio, a do ciclo inicial dos anos de 1930 (RCP, EN, RR) e a do novo ciclo, o do multimedia, com uma referência muito elogiosa ao blogue de João Paulo Meneses, Blogouve-se. Escreve o jornalista: "O blogue funciona como uma espécie de caderno diário de quem é autor de Tudo o que passa na TSF, um dos poucos livros editados em Portugal sobre jornalismo radiofónico. Dois exemplos actuais: uma polémica com o presidente do Conselho Deontológico dos Jornalistas, Óscar Mascarenhas, a propósito dos aplausos e dos cachecóis nacionais dos repórteres no Euro 2004; e a recente confissão em directo do correspondente da SIC nos EUA de que vai votar John Kerry".

Ainda do Público retiro, do dossier "O novo governo", a análise a um dos sectores que o executivo empossado no sábado terá de reflectir, o da regulação dos media e televisão digital terrestre (TDT). Na questão da TDT, terá de haver articulação com a área económica do Governo. Além disso, o texto do jornal aponta para a necessidade de criar o órgão regulador que substitua a Alta Autoridade e para a importância de implementar os novos apoios aos media locais.

Rita Durão: actriz

Já a vi nos filmes Quaresma (2003), do desaparecido José Álvaro Morais, As bodas de Deus (1999) e Vaivém (2002), do também desaparecido João César Monteiro, e em Capitães de Abril (1999), de Maria de Medeiros. Ainda não a vi em Sansa (2003), de Siegfried, e André Valente, de Catarina Ruivo, este último anunciado para depois do Verão.

Mas Rita Durão trabalha mais frequentemente no teatro. Do seu currículo como actriz, com base em informação que retirei da internet, ela actuou nomeadamente em Romeu e Julieta, de Shakespeare, Despertar da Primavera, de Wedekind, Dia de Marte, de E. Bond [imagem retirada do sítio Artistas Unidos]. No teatro da Cornucópia, participou em espectáculos como Triunfo do Inverno, de Gil Vicente, O sonho, de Strindberg, Quando passaram cinco anos, de Lorca, O colar, de Sophia de Mello Breyner, Barba azul, de Jean Claude Biette, e Hamlet, de Luís Buñuel. corn.JPGNo teatro, vi, agora, Rita Durão a fazer de Inês, a jovem apaixonada de Otto, pertencentes a ramos rivais de A família Schroffenstein, de Heinrich von Kleist, uma versão oitocentista do Romeu e Julieta. Aparece frágil, simultaneamente feliz e apreensiva com o desenrolar da situação desavinda. A morte dos jovens apaixonados dá-se às mãos dos próprios pais, num cenário austero onde surge vincada a personagem desempenhada por Luís Miguel Cintra.






Edgar Pêra: fabricante de imagens, português, 43 anos

A entrevista de Carlos Vaz Marques a Edgar Pêra veio no DNA, suplemento do Diário de Notícias à sexta-feira, no dia 9 de Julho. Nele, e a propósito do seu último filme És a nossa fé, Edgar Pêra revela-se. Nascido em 1960, começou por estudar psicologia, mas trocou a área pelo cinema, onde se inscreveu na Escola Superior, que termina em 1984. Escreve ficção para cinema, televisão, rádio, imprensa e publicidade. Em 1990, estreia no "Fantasporto" a sua primeira curta-metragem, rodada nas ruínas do Chiado.

Para além do cinema, a sua outra paixão é a banda desenhada, que deixa marcas no seu trabalho, a nível do enquadramento, com "alguma bidimensionalidade nas personagens". Trabalha em vídeo e não em película devido ao custo desta e do equipamento, em regime de autofinanciamento ou em regime de encomendas. Por isso, talvez, não gosta de se definir como cineasta ou videasta mas antes como "repórter que manipula imagens". A manipulação, esclarece, é "que as pessoas tenham a noção de que estão a ver um espectáculo e que, ao mesmo tempo, estão a participar numa ilusão". É, no fundo, "quando se mexe em tudo, desde pintar sobre a película a alterar um som". E prossegue, ao identificar a arte como próxima de um jogo: "Para mim, montar é um bocado como aqueles jogos de computador".

A cidade de Cassiano (1991), com 23 minutos, sobre o arquitecto modernista Cassiano Branco, e Guittarra com gente lá dentro (2004), de 13 minutos, onde coloca a música de Carlos Paredes, são dois dos seus filmes. Ele, que aceita a "sensação de haver uma relação entre arte e espectáculo", refere que o seu filme És a nossa fé é "um filme quase sem futebol nenhum. É um filme sobre os adeptos de futebol" que, além da mística, têm expectativas.

"Sampler", a caixa que mudou a música

Vinha no caderno "Actual" do Expresso do dia 10 de Julho, ao lado de artigos onde se dava conta dos desaparecimentos de Sophia de Mello Breyner (1919-2004) e Marlon Brando (1924-2004). E referiam-se músicos como Sam The Kid (Beats vol. I - Amor) e Cool Hipnoise, que usam o "sampler" no seu trabalho diário.

O que é isto? Começa Alexandre Costa por referir que "alguns dos instrumentos que estamos a ouvir são virtuais, fruto de sons samplados. Que aquela bateria, viola baixo, flauta ou xilofone é, afinal, «tocada» através de teclas que fazem disparar registos sonoros preexistentes. [...] a intenção é mesmo evidenciar a «pilhagem», jogar com excertos de músicas que nos são familiares, manipulá-los e inseri-los dentro de um novo contexto, um pouco como faziam os dadaístas, no campo da imagem, com as suas fotomontagens".

Há quem se especialize, continua o mesmo artigo, apenas em dominar a caixa mágica, construindo e transformando os sons, caso dos músicos de hip-hop, "uma das áreas onde os «samplers» têm sido mais utilizados". E, dentro da música de dança, surgiriam novos géneros musicais, como o house e o drum'n'bass. É um caso em que as inovações tecnológicas causam um grande efeito no processo de criação artística. Depois de surgirem no mercado algumas máquinas, que permitiram muitos músicos fazerem experiências, é em 1986 que, com o Ajai S900, a preços acessíveis e com potencialidades como o "cross-fading" e o "looping", se expandem as suas aplicações. Alexandre Costa chama a atenção para um problema: os direitos de autor. A criação de músicas com excertos de outras obras necessita da autorização prévia dos autores destas, o que nem sempre ocorre.

Rede Orkut

Primeiro, li o que Daniela Bertocchi escreveu no Intermezzo . Depois, segui o rasto na rede do Orkut e cheguei ao artigo da Reuters, assinado por Alberto Alerigi (São Paulo, Brasil) e com o título Sítio ingês de conversação torna-se português.

Ora, do que se trata? De uma nova “guerra” entre o Brasil e os Estados Unidos, escreve Alerigi. No presente ano, o primeiro destes países desafiou o segundo em tópicos como os subsídios para o algodão e a guerra do Iraque. Agora, a “guerra” passa pela internet. Isto porque milhares de fãs do Orkut , um sítio representativo de uma nova rede social, são brasileiros. O Orkut permite que os seus membros se organizem em comunidades de amigos e de amigos de amigos numa rede, onde se podem discutir temas tão dispersos como o xadrez ou sanduíches.

O curioso é que os brasileiros se apropriaram da rede americana, proliferando mensagens em português – língua que o utilizador [ou usuário] americano em regra desconhece. Os Estados Unidos têm, pelo menos, 153 milhões de utilizadores de internet, ao passo que o Brasil tem apenas 20 milhões. Mas os brasileiros tornaram-se o maior grupo da rede, já no mês passado, ultrapassando os americanos. O sítio Orkut diz ter mais de 769 mil membros, em que os Estados Unidos representam 23,5% e o Brasil 41,2%! Segundo o Ibope/NetRatings, estima-se que os brasileiros tenham “surfado” na internet, em Maio, uma média mensal de 13 horas e 51 minutos, mais oito minutos que os americanos.

Toda esta excitação começou quando Orkut Buyukkokten, turco de 29 anos [imagem obtida no sítio Intermezzo ], engenheiro de software da Google, arrancou com a sua rede, em testes experimentais em Janeiro. Uma das características de adesão ao sistema é que cada pessoa pode convidar uma outra qualquer pessoa. Diz a professora Beth Saad, da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo – de quem eu já escrevi neste blogue: “os mapas da Orkut privilegiam o prestígio social de cada um, e os brasileiros são naturalmente gregários”. Eu, por exemplo, já faço parte de cinco redes, sendo que a maior tem 531 colegas. Duas são brasileiras, duas portuguesas e uma espanhola [depois de escrever o post aderi a mais uma rede portuguesa].

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