TELENOVELAS E MUDANÇA SOCIAL E CULTURAL
Para Christine Geraghty, num livro publicado em 1991 sobre telenovelas, estas respondem à pressão social de novos movimentos sociais, pelo que reflectem o processo da acção e mudança social (ou o invés: resistência à mudança cultural). Por seu lado, Olga Madsen, a fundadora da novela holandesa que, em 2000, era a responsável por toda a produção dramática da Endemol, explica que a emergência de “linhas de estórias minoritárias” é uma questão de profissionalização. Já Irene Costera Meijer (2001) escreve que a projecção que os produtores fazem das suas audiências afecta a selecção, codificação e estrutura das formas mediáticas criadas. Isto é, os actos de consumo das novelas são constrangidos pelos modos conceptualizados pelos produtores. Assim, a produção é “um processo de negociação no qual os significados do texto emergem na sua forma cultural pública” e os produtores de cultura popular funcionam como intermediários culturais, envolvidos na produção, classificação e circulação de bens culturais.
Meijer identifica oito repertórios – modelos de discurso, processos cognitivos e fenómenos ideológicos, em torno de dois eixos: o estilo e estética, política e moral. Os reportórios são: rejeição, diversidade (palette), representação igual (à da sociedade), potencial dramático, género, credibilidade (a mais importante), disponibilidade, consciência social (responsabilidade). O repertório de palette significa a existência de códigos culturais distintos, como cor da pele (preto, branco, cabelos louros e olhos azuis), funcionando como categorias estéticas.
Leitura: Irene Costera Meijer (2001). “The colour of soap opera. An analysis of professional speech on the representation of ethnicity”. Cultural Studies, vol. 4(2) 207-230
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