segunda-feira, 6 de setembro de 2004

LEITURAS

Conferência

De Nelson Traquina, Os desafios da transição tecnológica, proferida a 19 de Abril de 2004 na abertura dos trabalhos do 7º Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, em Florianópolis (SC), agora totalmente disponível no sítio do Observatório da Imprensa brasileiro.

O que disse então o professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal)? Para ele, "Uma prioridade colocada pela transição tecnológica é a preparação dos futuros jornalistas para utilizar as capacidades postas à sua disposição, o chamado «computer-assisted reporting»: encontrar informação backgound; obter informação geral; encontrar informação sobre pessoas; encontrar informação útil para entrevistas; reunir informação de uma variedade de fontes que incluem a Internet, CD-ROMs, banco de dados, arquivos e documentos públicos; desenvolver as capacidades de explorar a Internet e utilizar a Internet como ferramenta de reportagem; mobilizar o poder do computador para realçar o tradicional jornalismo de investigação; saber avaliar a informação na Internet".

Mensagens Instantâneas (MI)

Elas são o último grito em comunicação. Até agora, o telefone, o correio e o correio electrónico ocupavam lugares destacados. É certo que o mIRC e os chats também tinham um lugar à parte na CMC (comunicação mediada por computador), mas agora a moda é a MI. A tecnologia mais vulgarizada está no MSN, da Microsoft, mas a AOL e a Yahoo! também o disponibilizam.

Então, quais são as semelhanças, diferenças, vantagens e desvantagens da MI relativamente à concorrência? A empresa de pesquisa Forrester estima que, nos primeiros cinco anos de actividade, a MI cresce um terço mais depressa que o correio electrónico na sua infância. Pessoas com disponibilidade económica e de tempo, situadas entre os 16 e os 24 anos, utilizam três vezes mais a MI que pessoas de níveis etários mais elevados. A popularidade da MI levou a que um programa americano da MTV, na tentativa de aumentar a participação eleitoral dos jovens, tivesse desenvolvido um programa de MI onde se pudesse discutir a eleição presidencial americana que ocorrerá dentro de dois meses.

Com a MI há mudanças substanciais na forma de comunicação, escreve James Knight, no texto intitulado On message for an instant party, saído ontem na edição do Sunday Times, e que sigo nesta mensagem. Primeiro, sabe-se sempre quando os amigos entram na rede, graças aos elementos do programa de alerta, os buddies. Segundo, a ligação é gratuita, ao contrário das mensagens por telemóvel, que pesam na conta, em especial nos jovens que estudam. Terceiro, escrever e aceder a mensagens MI pode ser feito enquanto se executam outras tarefas, como ouvir música ou jogar jogos.

A Nielsen/NetRatings estima que o Messenger MSN, a aplicação MI mais popular na Europa (27 milhões, dos quais 8 são no Reino Unido), ultrapassou o serviço popular de correio electrónico da Hotmail.

As mensagens associam-se tradicionalmente com contracções e símbolos visuais. Isto pode criar um tipo de escrita indecifrável para os não iniciados, uma espécie de nova estenografia: ppl quer dizer pessoal (people), lol gargalhada, bjs beijos, rsp resposta, k7 cassete. No canal 29 (SMS TV) da televisão por cabo, as mensagens são a sua actividade; a publicidade diz: “SUB18 e chat só a 0,20 €”. As mensagens SMS devem ser dirigidas para o telefone 4990.

Além disso, há sinais (emoticons) como :), que significa uma face sorridente [aliás, o meu computador assume logo esse sinal]. Muitos sons audíveis, que os correspondentes jovens da MI nunca se cansam de enviar uns aos outros, terão, na opinião de um responsável do Yahoo!, uma conotação de flirt. Trata-se, assim, de um apelo à juventude, mas também isso tem sucesso no mundo do trabalho e constitui uma ferramenta alternativa ao mundo de emails, já objecto de muita vigilância por parte das entidades patronais.

Uma dificuldade tem sido a incompatibilidade entre as MI dos fornecedores AOL, Yahoo! e Messenger. Contudo, a Trillian fornece um programa de mensagens, descarregado livremente, que integra as três principais redes.

Cristina Ponte em entrevista ao Diário de Notícias (adenda publicada às 13:44)

Entrevistada por Leonor Figueiredo, hoje no Diário de Notícias, a propósito do seu livro Leitura das notícias, recentemente editado (a capa está aqui ao lado, na coluna da direita, um pouco acima). À pergunta da jornalista sobre a relação entre o jornalismo e a literatura, Cristina Ponte, professora da Universidade Nova de Lisboa, responde: "É fascinante estudar as notícias como forma de produção literária. Os jornalistas têm muita reserva nisso. E pensa-se que a linguagem das notícias é desprovida de figuras de estilo, seca e objectiva. Mas quando se faz a articulação do jornalismo com as correntes literárias percebemos essa influência. Eu acho que a escrita jornalística é literária".

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