CINEMA: DAS SALAS ÀS AUDIÊNCIAS
Ontem, no seu magnífico blogue colectivo Janela Indiscreta, Cristina M. Fernandes regozijava-se com a reabertura do cinema Passos Manuel e com a programação do cine-estúdio do Teatro do Campo Alegre, ambos no Porto. A um período de decadência, sucedem-se duas salas onde se podem ver muitas fitas não disponíveis nos multiplex de cinema espalhados nos centros comerciais. Curiosamente, o jornal Expresso de hoje dá bastante relevo à novidade. No seu texto, Valdemar Cruz salienta mais a qualidade de oferta que a quantidade. E ouve vários dos agentes culturais da cidade.
Mas há também memórias vivas que se mantêm fechadas: o cinema Batalha, por exemplo (primeira imagem). Na segunda metade da década de 1970, eu consumia um mínimo de três sessões naquele espaço: o filme do Cineclube do Porto, ao domingo de manhã, mais dois filmes na sala estúdio Bebé. Nunca mais atingi tal quantidade de fitas em média por fim-de-semana, para meu pesar.
Mas não foi só o desaparecimento do cinema Batalha marca a minha memória. É também, aqui em Lisboa, o encerramento do cinema Mundial (segunda imagem), embora a minha relação de afecto esteja longe da que estabeleci com os cinemas Trindade e Batalha, no Porto, ou da que tenho com as salas do King, aqui ao pé de minha casa. Em 22 de Abril último, escrevia neste blogue: "Há umas semanas fui ver Goodbye Lenin, no Mundial, onde [...] estavam quatro espectadores". O desaparecimento do cinema da Lusomundo dar-se-ia por essa altura.
Na sua newsletter de 8 de Outubro último, o Obercom trazia uma notícia intitulada "Lotação de salas decresce em 2003", em que referia duas situações: 1) o número total de ecrãs de cinema no mundo diminuiu, 2) o número médio de lugares por sala decaiu nos últimos três anos. Porém, a estatística aplicada a Portugal dava conta de 224 lugares em média por sala em 2001, número que subia para 228 em 2002 e regressava a 224 em 2003. Agora o ICAM, segundo notícia do Expresso, destaca a perda de espectadores nas salas de cinema durante este ano. Uma das razões apontadas na peça assinada por César Avó é a do Euro 2004. Eu acrescentaria a expansão do cinema em casa, como tive oportunidade de referir recentemente, fazendo ecos de uma distribuidora de vídeo em colóquio recente realizado no Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz.
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