sábado, 27 de novembro de 2004

ABRIGOS: O LIVRO ONDE SE ESCREVE SOBRE LIVRARIAS

De António Pinto Ribeiro conheço mal a sua carreira, apesar de saber do seu percurso entre os textos publicados no jornal Expresso e a actividade de programador cultural na Culturgest. Da minha turma do mestrado de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, no começo da década de 1990, vi que era um dos mais brilhantes alunos. De vez em quando cruzamo-nos na cidade e trocamos palavras de circunstância.

pintoribeiro.JPGPor isso, não imaginava a riqueza da sua vivência, do seu cosmopolitismo. Só quando comecei a ler Abrigos. Condições das cidades e energia da cultura (editado o mês passado pela Cotovia), pude compreender melhor António Pinto Ribeiro. Numa das badanas do livro vê-se melhor o percurso do autor: nascido em Lisboa, "viveu em vários países africanos e europeus" e tem investigado em áreas como Teorias das culturas e programação cultural e artística. O seu primeiro livro foi o escrito em co-autoria com José Sasportes, História da dança em Portugal (1991).

Do livro que comprei ontem [dia 25], primeiro li a parte final, a das livrarias em múltiplas cidades [coloquei aqui por ordem alfabética]: Barcelona, Bruxelas, Ljubljana, Londres, Manaus, Maputo, Milão, Mindelo, Montpellier, Nova Iorque, Paris, Rio de Janeiro, São Paulo, Tunes, Veneza. Fiquei com imensa vontade em visitar algumas dessas livrarias que, em textos curtos (duas páginas), tão bem descreve.

Copista, roubo três linhas do texto sobre a Books for cooks (Londres): "Na verdade, trata-se de uma livraria. Uma livraria muito especial, com uma grande cozinha, onde excelentes cozinheiros confeccionam excelentes pratos. Em certos dias da semana, certos meses do ano, ensinam a cozinhar".

A parte inicial do livro Abrigos tem também uma construção que me agradou imenso. O autor fala dos espaços e paisagens fulcrais das cidades: árvore, café, centro cultural, esquinas, estações de caminhos de ferro, galerias, hotel, jardins, livraria, marginal, mercado, metro, paisagens nocturnas, praça, rádio, rio, aeroporto. Neste texto do começo do livro escreve sobre livrarias: "O que uma cidade pode prometer como futuro aos seus habitantes está inscrito nas livrarias que tem. Da sua quantidade, da sua diversidade, da organização e da beleza das suas montras e prateleiras".

Livrarias de Lisboa

Retiro o destaque dado às montras [e seguindo um post recente aqui no blogue]. Apesar de não contemplar nenhuma livraria de Lisboa, a leitura do texto levou-me a fazer um pequeno levantamento fotográfico de algumas das livrarias desta cidade [agora reparo que esqueci, entre outras, a livraria Municipal].

Nas imagens, observam-se as montras das livrarias Sá da Costa, Bertrand e FNAC (entrada e não montra dado ficar num centro comercial), Portugal, Lello, todas as cinco no perímetro do Chiado, Diário de Notícias (Rossio), Buchholz (ao Marquês de Pombal), Almedina (num primeiro andar, quase parecendo uma casa de bonecas, à praça do Saldanha), e Bertrand e Barata, ambas na avenida de Roma.

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[a mensagem começou a ser escrita no dia 26, pelas 16:40 e concluiu-se pelas 8:55 de hoje]

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