sábado, 6 de novembro de 2004

LER NOTÍCIAS

Ler notícias (e outras formas de informação) é uma das tarefas diárias que faço por obrigação - mas com elevado gosto. Se, de uma notícia do Expresso de hoje retiro a proposta a mais incentivos de leitura - e que ilustra a percepção geral que temos da escassez de leitura de livros e jornais por parte de muitos dos portugueses - , o meu olhar vai para o editorial do mesmo jornal assinado pelo seu director. Tem o título apropriado A agonia do "DN". Num dos parágrafos, escreve que, na gestão do "DN", se misturaram critérios empresariais e políticos e afirma que "impor uma «marca» com prestígio na sociedade e com viabilidade empresarial é, pois, uma tarefa árdua".

Fico sem saber, como me acontece muitas vezes ao ler estes editoriais, aonde pretende chegar o seu autor. Lido apenas como título é um crime. E o conjunto da argumentação do texto parece-me frágil, coroada pelo desejo de boa sorte ao novo director do Diário de Notícias. Como se pode felicitar alguém pelo cargo quando se enuncia previamente que está moribundo o projecto onde se envolve esse dirigente?

O contraponto surge, a meu ver, na coluna da página 5, de Fernando Madrinha. Este focou a sua perspectiva na audição do anterior director do Diário de Notícias à AACS e à sua acusação da presença e força das agências de comunicação (tema também abordado pelo Público de ontem e hoje). E, páginas à frente, em artigo assinado por Ana Serzedelo e Ângela Silva, a questão é reequacionada a partir de nova perspectiva: a da proposta do PS em discutir a participação do Estado nos media, completando - de certo modo - a possibilidade do PSD analisar o assunto da concentração dos media, feita há dias. Mais interessante é a posição do banqueiro Artur Santos Silva, presidente do próximo congresso da APDC, favorável a uma maior concentração dos media, em página do caderno de economia do mesmo Expresso.

É perceptível, pois, o registo de distintos agentes sociais com posições e interesses próprios e divergentes entre si. Para mim, o director do Expresso sonha que o grupo para que trabalha possa comprar o Diário de Notícias. Desfazer a capacidade de reabilitação do jornal em editorial pode baixar o preço de aquisição. Além disso, noto uma habilidade no modo como se constrói a peça sobre Artur Santos Silva. Trata-se de uma entrevista ao presidente de um congresso de telecomunicações. A jornalista inquire-o sobre o UMTS (nova geração de telemóveis), sobre a liberalização do mercado e do papel da entidade reguladora. Apenas um terço da entrevista diz respeito à concentração dos media. Pois foi este terço do trabalho que mereceu o título da peça e destaque na primeira página do caderno. O valor-notícia do tema - e não os assuntos do congresso - é que surge em posição dominante.

Jacques Tati em DVD

Se o blogue Janela Indiscreta não tivesse desaparecido esta semana, certamente Cristina Fernandes estaria a escrever sobre a passagem dos filmes de Tati para DVD, ela que aderira ainda recentemente ao "cinema em casa". São quatro: Há festa na aldeia, As férias do sr. Hulot, O meu tio e Playtime. Já vi esses filmes há tanto tempo que é uma tentação a sua aquisição (recolhi a informação no caderno "Actual" do Expresso).

Moda e Luís Buchinho

"«E de repente apareceu-me a moda». É assim que Luís Buchinho resume o começo da sua relação com uma das indústrias mais poderosas do mundo". Este é o início do texto de Ana Cristina Leonardo, também publicado no mesmo caderno do Expresso, que aconselho a ler(em).

Sem comentários: