NA MORTE DE SUSAN SONTAG (1933-2004)
Recordo o seu texto A doença como metáfora e A sida e as suas metáforas (Quetzal Editores, 1998).
Escreve na página 132: "As doenças mais temíveis são as consideradas não apenas letais, mas também literalmente desumanizantes. O que se exprimia através da fobia da raiva na França do século XIX, com os inumeráveis falsos casos de contaminação por animais repentinamente regressados ao estado «selvagem» e mesmo de raiva «espontânea» (os verdadeiros casos de raiva, la rage, eram extremamente raros), era o fantasma de que esta infecção transformava as pessoas em animais enlouquecidos - desencadeando um irreprimível impulso sexual e para a blasfémia".
E escreve na página 66: "As concepções punitivas da doença têm uma longa história e são particularmente activas no caso do cancro. Trava-se um «combate» ou uma «cruzada» contra o cancro; o cancro é uma doença «assassina»; as pessoas que sofrem de cancro são «vítimas do cancro». Ostensivamente, aponta-se a doença como um culpado. Mas é também o doente que se torna culpado".
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