domingo, 9 de janeiro de 2005

LEITURAS

sundaytimes912005.JPG1) Al-Jazira

Dentro de dez meses, a Al-Jazira, o canal árabe de notícias por satélite, começará a emitir também em língua inglesa. Espera ultrapassar em muito os já 50 milhões de espectadores com que conta, lê-se no caderno Culture do Sunday Times de hoje - a propósito da saída do livro Al-Jazeera: how Arab TV News challenged the world, de Hugh Miles.

Antes de 1996, a Arábia Saudita promovera um canal de televisão por satélite, resultado de uma joint-venture com a BBC. Mas as tentativas de controlo por parte do poder político saudita levaram ao encerramento desse canal de notícias equilibradas e dotadas de sentido. Os 250 jornalistas que pertenciam à estação ficaram sem emprego, mas a recém-formada Al-Jazira aproveitou 120 deles. Muitos deles atingiriam, entretanto, posições de relevo no interior da estação. As primeiras emissões - de duração diária de seis horas - foram feitas por um canal de fraco sinal e reduzidas audiências no Qatar, país com 80 mil habitantes.

A Al-Jazira quis aumentar o sinal, mas não havia qualquer satélite com espaço disponível. Até que o Canal France International, em vez de mostrar um programa educativo para crianças, passou um filme pornográfico de 30 minutos (chamado Club Privé au Portugal). A licença foi retirada a esse canal e o seu espaço de satélite ocupado pela Al-Jazira. Informação equilibrada e muitos debates marcaram o canal, robustecido com o 11 de Setembro de 2001, ao ser a estação onde passaram os comunicados e vídeos da Al-Qaeda, a organização terrorista de Bin Laden, responsável pelos atentados desse dia em solo americano.

Os americanos não gostam da estação. Quando entraram em Cabul, no Afeganistão, em Novembro de 2001, bombardearam os escritórios que a estação ali possuía. O mesmo aconteceu em Abril, quando as forças dos Estados Unidos entraram em Bagdad, no Iraque. E o actual governo interino também não simpatiza com a Al-Jazera.

Contudo, as cachas continuam a fluir à Al-Jazera, como quando entrevistaram Khalid Sheikh Mohammed e Ramzi Binalshibh, os dois principais cérebros dos ataques do 11-S.

2) Sexo e violência nos videojogos

O tema ocupa duas páginas do El Pais de hoje. Por ele (assinado por P. Gosálvez e A. Fraguas), fica-se a saber que sete milhões de espanhóis, entre crianças e adolescentes, usam videojogos, um negócio de €800 milhões em 2003 que já factura mais do que as indústrias do cinema e da música. Os videojogos incluem géneros variados como acção, simuladores, desportivos, de estratégia.

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A indústria diz que o público consumidor dos jogos vídeo está a envelhecer (média: 25 anos). Mas também conclui que mais de metade dos pais com filhos menores de 14 anos já comprou para videojogos estes. A questão principal é que dois relatórios recentes - um da Amnistia Internacional (AI) e outro da universidade espanhola de Léon - debatem os conteúdos sexuais e violentos dos jogos e a permissidade ao seu acesso por parte dos jovens e das crianças. A AI analisou 50 jogos, alguns dos quais se encontram à venda em quiosques ou são acessíveis através da internet, em que mais de metade fomenta o abuso dos direitos humanos, com delitos como assassínio, violação, escravatura, tortura ou extermínio de civis em zonas de guerra.

Em Espanha, os videojogos estão classificados por idade, para tentar controlar esse tipo de conteúdos, desde 2003, seguindo o código PEGI (Informação Pan-Europeia do Jogo). A realidade, porém, é que qualquer jovem ou criança os podem comprar sem restrições, como se não houvesse inibição de uma criança em entrar numa sala de cinema para ver um filme cotado para adultos. Não há qualquer estudo que faça a correlação entre o uso de videojogos e a violência manifestada pelos seus jogadores, mas a questão é delicada e merece todo o cuidado.

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