quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

PARA O JORGE GUIMARÃES SILVA, DO BLOGUE A RÁDIO EM PORTUGAL

Um abraço de amizade por ter feito, no seu blogue, uma referência a um dos meus livros, Olhos de boneca, de onde retirou o seguinte trecho: "Do nosso rei D. Luís I, conta-se um curioso episódio, registado pela imprensa de 1884. Enlutado pela morte de um elemento da sua família, o monarca não pôde assistir à estreia da ópera Laureana, do maestro Augusto Machado. Ao instalar entre o teatro S. Carlos e o palácio da Ajuda uma linha especial para o efeito, a companhia dos telefones permitiu a D. Luís a audição da obra musical. Na sala de concertos da casa real, colocava-se «uma grande jardineira, coberta com um pano de veludo carmesim franjado a ouro. No centro, via-se um grande açafate de camélias e, nas extremidades, dois candelabros iluminando os oito receptores destinados à transmissão da ópera». [...]após essa experiência de sucesso, a empresa que dirigia o teatro de S. Carlos anunciou, em Outubro de 1885 «assinaturas telefónicas para a temporada da ópera». O preço, para as 90 récitas da época inteira, era de 180 mil reis. A música por telefone chegou até Palhavã, Olivais e Braço de Prata".

As imagens respeitam a essa história, da caneta de Bordalo Pinheiro. Hove mesmo uma empresa de telecomunicações na Hungria que transmitia informações e música - era quase a rádio por fios (ainda não se tinha pensado na internet).

4 comentários:

V.M. disse...

Longe de mim contestar a história, as causas da mesma. Nada disso. Mas sempre tive a audição da ópera Laureana de Augusto Machado, directamente do S. Carlos para o Palácio da Ajuda, como a inauguração da rede telefónica em Portugal. Não sei se terá sido, de facto.

Rogério Santos disse...

Não, não pode contestar a história. A rede telefónica em Lisboa foi inaugurada a 26 de Abril de 1882. Até parece que (ainda) me lembro! Na realidade, nesse dia, foi tocada música em instalações da rua do Alecrim, que passaram por fios até à rua Nova do Carmo, onde ficavam os escritórios da primeira empresa de telefones (Edison Gower Bell). Cito o Diário Ilustrado de 27 de Abril de 1882: entre a música tocada, ouviu-se o hino do rei D. Luís, "com os tubos dos receptores colados aos ouvidos".

V.M. disse...

Agradeço o esclarecimento.

Jorge Guimarães Silva disse...

Antes do mais retribuo o abraço e obrigado por tão grande referência ao meu post.
Devo acrescentar que “Olhos de Boneca” é uma referência na literatura sobre a história das telecomunicações. E estou ansioso pela sua próxima obra, “As vozes da rádio, 1924-1939”