quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005

PEQUENAS NOTAS

1) No Público de hoje vem uma notícia sobre a expansão do modelo de outdoors da Media Capital nas estações do Metropolitano de Lisboa. Diz o texto, a partir de take da Lusa, que a MCO-TV [Media Capital Outdoor], designação comercial do suporte, combina as qualidades técnicas da televisão com a exposição imediata da publicidade exterior.

O sistema apareceu por altura do Euro 2004. O standard do suporte nas estações de metro fica entre as duas linhas do comboio, voltado para as gares [na estação do Marquês de Pombal, fica junto a uma estátua de gesso do marquês, degradada pelas infiltrações de água; o sistema umas vezes funciona, outras não. Já ouvi mas sem imagem, no Campo Grande, por exemplo].

Metro do Porto e Transtejo são os transportes que se seguem. Neste último tipo de transporte, há que adaptar a duração do tempo de programação à viagem. O mesmo acontece com o SIC Indoors, no centro comercial Vasco da Gama, na zona da restauração (uns dez minutos depois do começo do programa, volta ao início, como num carrossel). Mais à frente, a notícia que cito fala em televisão sem zapping, que cobre 80% do tráfego diário do metropolitano. Efectivamente, um passageiro (ou um cliente do Vasco da Gama) não consegue estar em sossego. Trata-se de um meio de comunicação totalitário, sem opção de escolha género desligar ou mudar.

2) Do livro que estou a ler, Hollywwod, de Allen J. Scott (2005: 36-41), retiro duas ou três ideias: a meca do cinema tem sofrido, nas duas últimas décadas, uma transformação empresarial de grande envergadura. O velho sistema de estúdios assentava num grupo dominante de sete majors, cada uma delas integrada verticalmente através da produção, distribuição e exibição. Com a decisão antitrust Paramount, de 1948, as majors perderam o controlo das salas de cinema, na mesma altura em que a televisão conquistava audiências aos filmes, e que representou competitividade, incerteza e instabilidade na indústria.

Hoje, as majors, reduzidas em número, desinvestiram em muita da sua capacidade produtiva e de compromissos contratuais, tornando-se os centros nervosos de redes de produção desintegradas verticalmente. Em tal processo, surgiram muitas firmas, pequenas mas especializadas, em subsectores da indústria, fornecendo serviços de tipo distinto às majors.

À produção de massa sucederam dois tipos de organização empresarial: a) system house, o qual se pode definir como unidades de produção em larga escala, fornecendo um número limitado de produtos extremamente variados e complexos; b) especialização flexível, referente às pequenas unidades de produção focadas numa parcela estreita de actividades (por exemplo, produção de filmes independentes, design de vestuário, edição de filmes).

Assim, o sistema de produção de Hollywood pode ser descrito em termos de um modelo assente em empresas majors e independentes, interligadas em círculos cada vez mais alargados de fornecimento directo ou indirecto de serviços. Estas empresas interagem através de três estádios de desenvolvimento: a) pré-produção (elaboração da ideia original, preparação de cenários, procura de financiamento, escolha de actores), b) produção (filmagens e funções associadas como iluminação e maquilhagem), c) pós-produção (processamento fotográfico, edição de imagem, edição de som).

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia Sr. Professor Rogério Santos

Os canais multimédia corporativos não são uma novidade recente em Portugal. Desde 1998 que o Banco Atlântico, agora Millenium, tinha nas suas filiais, junto às máquinas automáticas, canais multimédia nos quais passavam diversos contéudos, como notícias, informação sobre a Bolsa, etc.
Mais recentemente, tanto a Galp, como a Repsol, têm em diversas estações de serviço, pelo país, canais multimédia com diversos contéudos como notícias nacionais, regionais, sugestões de lazer e é claro publicidade.
Ontem mesmo, foi lançado o canal Castello Lopes, nas salas de cinema Castello Lopes, também esse um canal multimédia, com traillers de cinema, bloopers, quizs de cinema, etc.
Com os melhores cumprimentos
HNS

V.M. disse...

Há dias numa estação de metro, hesitei entre atirar-me a esses horríveis ecrans e atirar-me à linha. A popuição sonora era tamanha que estava a ficar desesperado. Quando perceberão, os senhores que tem o poder, que o silêncio é tão importante, e que a poluição não é só o fumo dos escapes dos automóveis ou os químicos atirados aos rios?! Está a ficar insuportável viver-se com cada vez menos qualidade de vida.