segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

T. S. ELIOT E A CULTURA

T. S. Eliot (1888-1965), poeta, crítico e editor, premiado com o Nobel da literatura em 1948, estudou em Harvard, na Sorbonne (Paris) e em Oxford. Nasceu nos Estados Unidos (Missouri), mas chegou a Inglaterra em 1914, onde trabalhou primeiro como professor e depois como empregado no Lloyd's Bank, enquanto escrevia poesia, acabando por ficar nesse país europeu [imagem retirada do sítio Modern American Poetry, onde se pode ler muita informação sobre Eliot].

O propósito do presente post é destacar a importância do seu texto Notas para uma definição de cultura, tema que trabalhei em aula de mestrado, juntamente com outros autores como Francesco Crespi, Raymond Williams e Terry Eagleton, antes de saltar para as definições de indústria cultural.



Para T. S. Eliot (1996: 22), a palavra cultura associa-se ao desenvolvimento de: 1) indivíduo, 2) grupo ou classe, e 3) toda a sociedade. Trata-se da primeira grande ideia que se encontra no trabalho de Eliot. Acentua que a cultura de um indivíduo não se isola da cultura do grupo e que a cultura do grupo não se abstrai da cultura de toda a sociedade. O autor fala ainda de desintegração cultural, que pode ser o resultado da especialização cultural, e ocorre quando duas ou mais camadas se separam de forma a se tornarem culturas diferentes. Depois, ele articula cultura com urbanidade, civilidade, erudição, filosofia e artes. Fala ainda de duas forças que se opõem uma à outra: atracção e repulsão (Eliot, 1996: 70).

Uma outra ideia principal de Eliot é a ligação que faz entre cultura e religião. Para ele, nenhuma cultura pode surgir ou crescer sem ser em relação a uma religião (Eliot, 1996: 30). O desenvolvimento da cultura e o desenvolvimento da religião fazem parte de um mesmo processo. Pergunta Eliot se o que se chama cultura e o que se chama religião serão duas ou uma só realidade. A sensibilidade artística ficaria empobrecida se divorciada da sensibilidade religiosa.

Como terceira principal ideia, Eliot contesta que a cultura seja propriedade de uma pequena parte da sociedade. A cultura é concebida como a criação de uma sociedade como um todo (Eliot, 1996: 41), apesar de a elite ter tido, no passado, o repositório da cultura.

Leitura [existem, pelo menos, duas traduções do texto; eu prefiro a indicada em primeiro lugar, porque, apesar de não conhecer o original, ela me parece a mais bem traduzida, pelo menos em compreensão]:

Eliot, T. S. (1996). Notas para uma definição de cultura. Lisboa: Século XXI
Eliot, T. S. (1992). Ensaios escolhidos. Lisboa: Cotovia

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