ECONOMIA CULTURAL
Angela McRobbie (2003: 97) trabalha as consequências do crescimento recente de emprego nas indústrias criativas e a convergência das noções de cultura com trabalho. Num contexto específico, a cultura refere-se às actividades criativas, expressivas e simbólicas nas práticas dos media, artes e comunicação, onde se registam alterações substanciais nos anos recentes, o que leva a renovação e reinvenção contínuas. Tais alterações projectam um permanente trabalho transitório.
O trabalho cultural implica hoje uma actividade de risco e com altos níveis de mobilidade, assim como a caracterização de um tipo de empregado muito individualizado. Nunca anteriormente as diferenças de geração e o factor idade desempenharam papéis decisivos na modelação de trajectórias de carreiras. Hoje, há uma divisão entre trabalho antigo (e trabalhadores mais velhos) e trabalho jovem, com uma força de trabalho mais juvenil. Isto é evidente no campo cultural e dos novos media, com uma inversão do modelo burocrático de trabalho, associado às profissões, trazendo modificações também no sector público e na lei do trabalho.
A alteração no modelo de trabalho organizado e profissional no campo mediático foi denominado por Ursell como ruptura discursiva. Onde a juventude e o talento – e, sem dúvida, recursos infindáveis de energia – estão em primeiro lugar, e onde a cultura abraça o campo vasto das indústrias culturais. Daí, surgem novas modalidades de desigualdade. Isto não substitui as variáveis de classe, género e minoria racial, mas impõe determinações sociais desestabilizadas, desorganizadas e recompostas permanentemente. Assim, McRobbie fala em três características distintivas: 1) juventude, 2) trabalho permanentemente transitório, e 3) criatividade.
No Reino Unido, a cultura, enquanto elemento central às economias nacional e local, está a ser subtraída aos pequenos produtores culturais pelas grandes empresas, com aqueles reduzidos a dependerem de subcontratação dos independentes e transformados em fornecedores de serviços destes. Os pequenos produtores culturais não são empregados mas trabalhadores freelancer, franchisados ou de ocasião. É o caso da produção de televisão que compreende agora uma maioria de freelancers.
Leitura: Angela McRobbie (2003). “From Holloway to Hollywood: hapiness at work in the new cultural economy”? In Paul du Gay e Michael Prike (eds.) Cultural economy. Londres, Thousand Oaks e Nova Deli: Sage
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