domingo, 6 de março de 2005

LEITURAS

1) Morangos mais doces. É o que se lê no Diário de Notícias de anteontem. Isto a propósito da estreia de mais três personagens na série televisiva Morangos com açúcar no canal TVI. No texto assinado por Diogo Sousa, "a produtora NBP decidiu apimentar o argumento", com o colégio da Barra a "ter um novo sex symbol e o típico marrão que os professores adoram e os colegas detestam". A sex symbol é Dânia Neto, modelo, 21 anos, que "admite que as cenas de maior intimidade «não vão ser pêra doce, mesmo não tendo namorado»". O texto que estou a citar refere ainda o êxito da série junto de audiências mais juvenis do que é habitual. Segundo dados fornecidos pela TVI, o perfil dos seguidores da série abrange a faixa etária dos 4 aos 14 anos (20% da audiência) e dos 15 aos 24 (15,6% da audiência). A audiência média é de 10,6%, o que perfaz cerca de um milhão de telespectadores que assistem à novela.

2) A biblioteca virtual e gratuita do Google. Escreve Claudine Mulard, na edição de ontem do Le Monde, sobre o programa de digitalização de milhões de obras que ficarão acessíveis na internet, como iniciativa dos fundadores do motor Google e em colaboração com grandes instituições americanas e inglesas. Tema recorrente no jornal parisiense, o receio maior é que a cultura francesa fique marginalizada deste processo. Mas parece-me que cada país deve seguir o exemplo de Sergey Brin e Larry Page, os co-fundadores da empresa californiana. O projecto, chamado Google Print, conta já com a colaboração das bibliotecas de três universidades americanas (Harvard, Michigan e Stanford), da New York Public Library e da Bodleian Library, ligada à universidade inglesa de Oxford. Os primeiros livros serão colocados na rede em Junho deste ano, devendo a operação terminar em três anos. A universidade de Oxford, por exemplo, disponibilizará milhão e meio de obras dos seus fundos do séc. XIX. A universidade de Michigan digitalizará sete milhões de obras, a de Stanford oito milhões e a biblioteca nova-iorquina 17 milhões, enquanto a universidade de Harvard começará apenas com 40 mil dos seus quinze milhões de obras. Isto são números esmagadores, que nem lembram a antiga biblioteca de Alexandria! A tecnologia, continua o texto que cito, é secreta: se se pode aceder de qualquer computador e ler a obra integral, não há possibilidade de a imprimir (as funções de copiar e imprimir são desactivadas). Mas haverá possibilidades de comprar cópias digitais, se as bibliotecas de origem das obras assim o permitirem. Embora acusada de privilegiar as colecções anglo-saxónicas - motivo do principal receio dos franceses em geral e do Le Monde em particular -, a responsável pelo projecto, Suzan Wojciki, salienta que o Google está a procurar criar protocolos com bibliotecas de todo o mundo, incluindo a francesa. Pergunta minha: e a Biblioteca Nacional, ali ao Campo Grande, está atenta a este movimento?

3) Lovemark. O termo pertence a Kevin Roberts, director executivo da Saatchi & Saatchi, em livro que está (ou estará disponível no mercado castelhano), segundo o El Pais de hoje.

Ora, o que quer dizer? Significa uma marca que evoluiu no sentido de perder "a sua mera atribuição funcional e ganhar sentimentos de paixão, uma lealdade que vai para além da razão, algo cheio de mistério, sensualidade e intimidade e que parece irresistível". Por exemplo, o Benfica, para muita gente que vive em Lisboa, é irresistível; mas no Porto já é o F. C. Porto. Isto é, a paixão vai além dos resultados, do treinador, do modo como se joga: sente-se um amor. Assim, cataloga-se a lovemark com uma emoção humana. E, se durante 40 anos, continua a explicar Kevin Roberts, se ouviu falar de preços, valor, saldos, distribuição, rendimento, hoje, dada a qualidade semelhante das marcas, a distinção reside nessa afectividade.

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