LEITURAS E CITAÇÕES
De Maria Filomena Mónica: "Aqui, o seu [de Frank Furedi, autor do livro Where have all the intellectuals gone?] objectivo é o de questionar o postulado que pressupõe serem as audiências elevadas [da televisão] incompatíveis com a excelência. A retórica declara que aquilo que se está «a dar ao povo é o que ele gosta» tem como base a crença de que as massas populares são intrinsecamente estúpidas e, portanto, incapazes de seguir um raciocínio complexo ou de admirar uma obra de arte. Uma tendência paralela é o endeusamento da Internet como transmissora da cultura, tema retomado, entre nós, na recente campanha eleitoral, sob a designação do «choque tecnológico», proposto pelo PS. Num país de analfabetos, o computador transformou-se numa varinha mágica capaz de transformar um bronco num génio. Por outro lado, a profusão recente dos blogues poder dar a ilusão de que existe uma maior democratização da opinião pública. Nada é menos verdade: a maioria dos blogues são versões modernizadas do que dantes se escrevia nas paredes das casas de banho. Os jornais, as rádios e as televisões continuam seguros nas mãos de quem tem dinheiro" (Público, caderno "Mil folhas", 9 de Abril).
De João Lopes: "podemos lamentar a falta de educação dos leitores, especular sobre a discutível eficácia dos serviços de limpeza do metropolitano ou ainda lembrar que não é legítimo avaliar as qualidades jornalísticas de um produto através da sua regular transformação em lixo [a propósito dos jornais gratuitos deixados no chão das carruagens e estações do metropolitano]. Tudo isso é verdadeiro. Mas também insuficiente. Isto porque, face à desoladora paisagem dos papéis abandonados, emerge uma pergunta menos cómoda, porventura mais urgente. A saber: que conceito de jornalismo anda, literalmente, pelo chão da nossa cidade?" (Diário de Notícias, 9 de Abril).
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