domingo, 8 de maio de 2005

HÁ INDÚSTRIAS CULTURAIS EM PORTUGAL? OU, ATÉ: HÁ PORTUGAL?

1) Uma leitora do El Pais de hoje pensa que não

Escreve Andrea Z. Girau, de Barcelona, na secção das "Cartas al director" (p. 15): "Trata-se de um país que desaparece misteriosamente da nossa história com a sua independência e reaparece vagamente com a Revolução dos Cravos para voltar a desaparecer no esquecimento. Sobre o que é que se debate o país? Que cineastas e escritores actuais conhecemos para além de Oliveira, Maria de Medeiros e Saramago? Será o fado, por acaso, o único estilo musical que ali se cultiva? Como assinalava Luis Buñuel em Mi último suspiro (1982), trata-se de um país que para os espanhóis se encontra mais longe que a Índia. As coisas, portanto, apenas mudaram nos últimos 20 anos, e numa semana como esta nem o fervoroso debate com raíz no referendo sobre o aborto nem o início das declarações no escândalo da «Casa Pia» levantam especial interesse nos meios espanhóis".

Que imagem deixa Portugal em Espanha? O que é que os media espanhois dizem sobre nós? O que temos a dizer sobre isto? Falta informação de Portugal na Catalunha? Mas também em Espanha? [As duas outras notícias sobre Portugal na edição de hoje do El Pais falam sobre: a) recusa da Portugal Telecom em aumentar o capital social da Telefonica naquela empresa, e b) Mário Soares, a quem chamam Dom Mario e monarca sem coroa, num texto de Fred Halliday, professor da London School of Economics].

2) O Le Monde de hoje, em crítica cinematográfica sobre O Quinto império de Manoel de Oliveira, acha que sim

Jean-François Rauger escreve que o fime - ou teatro filmado - é de uma grande beleza, que pouco se encontra no cinema contemporâneo. Tem muita intensidade e valores cromático e há planos que evocam a pintura de um Vélasquez. O Quinto império é uma meditação nocturna sobre o poder, em que o rei contra tudo e todos decide uma aventura temerosa contra Marrocos, acabando por perder e desaparecer.

Para além do texto, elogioso para obra, faço um reparo: de quem se fala, Manoel de Oliveira, é exactamente um dos nomes que a leitora de Barcelona do texto acima mostrava conhecer.

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