SERVIÇOS SONAE
Os jornais referiram-se ontem ao novo pacote de serviços de telecomunicações e media oferecidos pela Sonae (Sonaecom). Segundo o Público, telefone, acesso à internet por banda larga e televisão vão custar €22,5 mensais. Quando abrir o serviço, vou logo aderir - é que só para a TV Cabo (televisão e internet) pago €56,4 mensais, muito mais do dobro do que será oferecido pela Sonae. E aqui não entra em linha o custo mensal do telefone fixo.
O artigo do Público, assinado por Rui Jorge Cruz, é muito curioso pela informação que coloca. O sistema a usar - ADSL2+ (variante do ADSL) - proporciona débitos elevados (10 Mbps), fornecendo, em tempo real, filmes e outros conteúdos. Uma das ofertas mais relevantes vem do "clube de vídeo", com milhares de filmes disponíveis, noticiários e desporto.
Pode desdobrar-se o artigo do Público em quatro partes: 1) parceria efectuada anteontem entre a Soanecom e a RTP, para esta disponibilizar emissões e conteúdos nos serviços daquela, 2) declaração de Almerindo Marques (RTP), esperando que "este seja o primeiro de outros projectos" celebrados com outros operadores (e os canais da RTP na TV Cabo não são uma parceria?), 3) declaração de Paulo Azevedo (Sonaecom), em que este serviço permitirá "maior escolha para o consumidor" e em que "as novas oportunidades serão tanto para os utilizadores como para os criadores de conteúdos", 4) declaração de Luís Reis (Sonaecom), para quem o serviço em oferta, o 3.Play, chegará (poderá chegar) a 95% de lares de Lisboa e Porto e a 45% de lares com acesso à rede telefónica fixa, após ter a garantia do acesso às respectivas centrais telefónicas, embora aqui possa haver problemas "resultantes do estado destas linhas [de cobre da Portugal Telecom].
O artigo do Diário de Notícias, assinado por Filipe Morais, cobre outras informações, complementares daquelas. A Sonaecom propõe-se fornecer inicialmente 100 canais, mas tem o objectivo de chegar aos mil, "com o utilizador a poder organizá-los por ordem de preferência". Mas os dois parágrafos iniciais são a parcela mais importante da peça: a Sonaecom propôs à France Télécom sair da Optimus, Novis e Clix para entrar com mais 23,7% na holding (em espécie, através da emissão de 70 milhões de novas acções), isto se o ministério da Economia viablizar o negócio. Há, assim, um reforço de capital na empresa mãe das telecomunicações da Sonae mas uma retirada directa do negócio dos telefones celulares.
Isto pode indiciar a fragilidade do negócio dos móveis e um recentrar na actividade combinatória telecomunicações (fixas e móveis)/media electrónicos/entretenimento. O que conduz à perda do argumento principal na queixa recentemente apresentada em Bruxelas face à existência de duas redes (fixa e cabo) da PT.
Observação final: o Público pertence ao grupo Sonae, o Diário de Notícias ao grupo Portugal Telecom. Por muita independência existente nas redacções, as notícias dos jornais face aos seus próprios grupos não são negativas, mas já o são face aos grupos concorrentes.
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