OS GRATUITOS A SUBIR
Lê-se hoje no Expresso, apesar de não ser novidade para ninguém. Destak e Metro distribuiram os dois 187 mil exemplares. O que se reflecte nos jornais pagos: o Correio da Manhã baixou 0,1% (de 119145 exemplares diários no primeiro trimestre de 2004 para 119139 exemplares em igual período este ano), o Jornal de Notícias desceu 23% (128179 para 98269), o Público perdeu 4,2% (51266 para 49174) e o Diário de Notícias 14% (de 42904 para 36976).
Eu, que gosto sobretudo de imprensa escrita, vejo um conjunto complexo de razões que explicam a queda nas tiragens e vendas de jornais. O fenómeno dos gratuitos não explica tudo. Há que atender ao custo dos exemplares - e que se reflecte na vida financeira das organizações jornalísticas, apesar da publicidade parecer retornar e tornar menos difícil a gestão -, num momento de crescente perda de compra, ao facto da televisão constituir cada vez mais o meio por excelência do conhecimento de notícias por parte dos cidadãos e também à presença maior de uma cultura electrónica (audiovisual e multimedia) nos mais jovens, que os aparta da cultura impressa.
A punição dirige-se, em especial, para os jornais da Lusomundo, Jornal de Notícias e Diário de Notícias, este último que leio regularmente e que me parece um bom produto. Isto tem uma explicação à parte, na minha óptica: é a situação de desconforto colocada pela Autoridade da Concorrência que não toma a decisão definitiva sobre a venda do grupo a que ambos os jornais pertencem a Joaquim Oliveira. Todas as grandes decisões no grupo estão paradas; um grupo privado não pode aguentar a lentidão de uma entidade pública! E o editorial de Nicolau Santos, no caderno de "Economia" do mesmo Expresso aponta num sentido a acautelar: se a Lusomundo não for vendida a Joaquim Oliveira, por questões de concentração, resta um só comprador, o proprietário do espanhol El Pais.
Observação 1: não tenho qualquer interesse pessoal por nenhuma das opções.
Observação 2: li, no caderno de "Economia" do Expresso textos assinados por Álvaro de Mendonça. Como sou distraído, não sei se ele começou a colaborar há mais tempo com o semanário. Trata-se, de todo o modo, de um regresso. Ao Álvaro de Mendonça tenho uma dívida de gratidão: quando estava a fazer a minha tese de mestrado sobre jornalismo e fontes de informação, ele permitiu-me fazer pesquisa na revista que então dirigia, e que entretanto desapareceu, a Fortuna.
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