A LIDERANÇA DOS JORNAIS EM TERMOS DE VENDAS
Na blogosfera, já houve eco dos números publicados anteontem sobre as vendas de jornais, a partir de dados divulgados pela Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragens (APCT). Selecciono alguns títulos: "Correio da Manhã consolida liderança" (Correio da Manhã), "Vendas de jornais caíram no primeiro semestre" (Público), "DN foi o único diário a crescer no segundo trimestre de 2005" (Diário de Notícias). Os títulos e parcelas dos textos que os acompanham fazem lembrar a história do copo meio cheio e do copo meio vazio.
Retiro pedacinhos desses textos. Do Público: "O Público registou uma quebra de 4,81%, com vendas de 48925, mas manteve-se à frente do Diário de Notícias – que caiu 8,60%, para 38156 cópias diárias" (interpretação minha: o jornal baixou, mas ficou à frente do seu concorrente directo em termos de público-alvo). Do Diário de Notícias: "O DN foi o único diário generalista a aumentar as suas vendas no segundo trimestre do ano. O 24 Horas e o Público registaram um ligeiro decréscimo entre os dois trimestres […] os populares Correio da Manhã e 24 Horas […] mantiveram estáveis os seus valores" (interpretação minha: as oscilações atribuídas ao 24 Horas surgem quando se comparam comportamentos face ao trimestre anterior e a período homólogo do ano passado; reflectir na comparação com o Público, também na perspectiva de olhar a principal concorrência). Do Correio da Manhã: "O Correio da Manhã reforçou no primeiro semestre do corrente ano a posição de maior jornal diário português […] O Jornal de Notícias mantém-se como o segundo título do mercado [mas] vendeu em banca 95710 jornais, o que contrasta com os 117205 dos primeiros seis meses do ano anterior" (interpretação minha: o reforço de líder deve ler-se face à principal concorrência, o Jornal de Notícias).
Sem haver mentiras no que os jornais escrevem, há meias verdades, pois se misturam comparações com o semestre anterior ou com o período homólogo anterior. Cada jornal, perante a concorrência, procura relevar o que é mais importante para si, tendo em conta os jornais que disputam o mesmo público-alvo. E os jornalistas que assinam as peças nem são sequer estagiários, mas pessoas com muita responsabilidade dentro dos seus jornais. Nomeio dois: João Manuel Rocha (Público) e Nuno Azinheira (Diário de Notícias). Não seria melhor fazerem como na coluna dos programas de televisão mais vistos, com percentagens de share e audiência média, e deixarem os leitores analisar a seu bel prazer? Assim, deixariam de escrever peças tendenciosas, as quais não são benéficas para o jornalismo.
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