sábado, 1 de outubro de 2005

O FIM DA SENHORA DONA LADY

ladies1.jpg"Penim incendiou «ladies» sem avançar alternativa" (Diário de Notícias), "Penim quis acabar programa com dignidade" (Jornal de Notícias) e "Novo director da SIC põe fim à maior aposta da rentrée" (Público). Dos três títulos, o do Público é o mais preciso.

Vejamos [é assim, na linguagem pós-moderna]. Eu tenho andado numa roda viva, sem tempo para ver televisão. ladies3.jpgTencionava, a partir de hoje, sentar-me no sofá, a gozar um pouco com os novos programas (reality shows) de que se tem falado (um ou dois deles custaram o lugar de Manuel S. Fonseca, da SIC). Não tive tempo de ver a Senhora Dona Lady, para emitir o meu juízo. Por isso, contento-me com as notícias dos jornais.

A "dignidade" do título do jornal do Porto fere a compreensão do sucedido (explica mal o que aconteceu). Não sei onde se pode encontrar "dignidade" num programa que "não favorecia a imagem da estação", como se continua a ler no mesmo diário.ladies2.jpg
Mas acho pitoresco (à falta de melhor designação) o título na capa do 24 Horas: "Brincadeira de Penim atira concorrente para o hospital". Numa imagem pequena, vê-se a(o) concorrente; na imagem maior, o novo director de programas da SIC. Dentro do jornal, percebe-se: "Gisele" (que afinal é Sérgio) quis mostrar maior empenho no incêndio a fingir, com que acabou o programa de ontem, caiu e partiu uma omoplata.

E este jornal esclarece que a SIC se esqueceu de passar as imagens do jovem Sérgio. Mas está tudo bem, até porque a Freemantle tem seguro. Os outros jornais não se referem ao acidente, possivelmente muito importante para a compreensão da história contemporânea de Portugal.ladies4.jpg

O mesmo jornal 24 Horas fez, aliás, tema de capa da edição de ontem, numa história de continuidade dada a relevância do tema (e como se pode ver na imagem).

Notas para compreensão desta mensagem: 1) a Freemantle era a produtora do reality show agora suspenso, 2) o programa estreara a 16 deste mês e consistia "num concurso em que um grupo inicial de 11 homens se travestia e, ao longo de dez semanas, aprendia e adoptava comportamentos tidos como tipicamente femininos, com o objectivo de alcançarem uma imagem e comportamento convincentes de mulher" (extracto retirado da notícia do Público de hoje), ladies5.jpg3) o prémio para o vencedor era de €50 mil, 4) a decisão de Francisco Penim terá sido a primeira desde que tomou posse do lugar de director de programas, 5) o final antecipado foi ficcionado, com um incêndio a fingir, de que terá resultado no ferimento de um dos concorrentes, como assinalo em cima, 6) a "ficção" apressada mostra que qualquer reality show é uma narrativa, com ingredientes capazes de prender a atenção como se fosse uma telenovela, 7) bem apoiadas por publicações semanais (e pelo 24 Horas), conforme espero demonstrar com outra mensagem sobre o reality show 1ª Companhia, 8) as mulheres dos travestis formavam um grupo de apoio (como se lê pela peça mais pequena do Jornal de Notícias, dado o prémio em disputa), 9) inferir das notícias que a decisão de Penim pode ter sido má, até porque não mostrou alternativa, é um bom começo para ele - antes dizer mal do que o ignorar.

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