domingo, 13 de novembro de 2005

A AUSÊNCIA DO PÚBLICO NOS FILMES PORTUGUESES

Os jornais diários já se tinham debruçado sobre o assunto, mas fixo-me no texto de César Avó, ontem no Expresso. A questão a montante foi a apresentação do estudo levado a cabo pela Universidade Lusófona, por encomenda da Associação de Produtores de Cinema e com o apoio do ICAM. Dos 1878 inquiridos (47,8% em Lisboa, em consonância com a distribuição geográfica da exibição cinematográfica), seis em 10 dizem ver menos de uma vez por mês cinema português, enquanto 23,7% afirmam nunca verem. Apenas 6,4% prefere o cinema português ao estrangeiro e 12,1% compra filmes nacionais em DVD.

É um divórcio quase total. A que João Lopes, hoje no Diário de Notícias, reage. Ele acredita que os problemas do cinema português não radicam na indiferença do público tout court mas em "duas coisas básicas: primeiro, na necessidade de favorecer a diversidade criativa aliada à racionalidade financeira; segundo, na importância de criar e, sobretudo, manter estratégias inteligentes de promoção". E ele estende a análise às telenovelas que, desde há 30 anos, alteraram o padrão dominante da ficção audiovisual.

Isto significa que a ausência dos público não se pode ver apenas à luz de uma simples razão de não ir. Para ir, torna-se necessário convidar a ir.

1 comentário:

carlos paulo disse...

A questão passa, acima de tudo, pela qualidade (ou falta dela), não apenas dos filmes mas também da promoção feita (ou que fica por fazer). Um exemplo: vai estrear, não sei exactamente quando, o filme "o Fatalista". Vi os "teasers". Gostei, gostei muito, o suficiente para ter decidido, desde logo, que iria ver o filme. No entanto, não consegui perceber uma palavra do que disseram os actores. Nada. É o "eterno problema do som no cinema português", dizem alguns. Eu digo que não faz sentido e que nem sequer há razão/razões para que tal problema se mantenha. E este é apenas um dos factores, entre tantos, que nos afastam do cinema português.