sábado, 12 de novembro de 2005

EM DEFESA DO NEOLOGISMO BLOGUEIRO E OUTRAS ESTÓRIAS

Confesso que não dera conta da minha obsessão pela palavra blogueiro (há quem prefira o original em inglês blogger). Só agora reparei, quando li o relato pleno de humor de André Carvalho, em Geração Rasca, em três mensagens acerca do recente colóquio sobre blogues.

Retiro alguns excertos bem divertidos (e onde também sobrevém a minha obsessão) [mas também alguns comentários]: "O moderador aproveitou a «deixa» para passar o testemunho ao Professor Rogério Santos, que entrementes, se vinha entretendo a «corrigir», sempre com um sorriso, por vezes só com o olhar, todas as intervenções em que orador utilizava o denominativo, Blogger. O Professor Rogério defende a utilização do neologismo Blogueiro, e não perdeu nenhuma ocasião para enfatizar esta sua aspiração". Num dos comentários, escreveu-se: "Eh Eh Pelo que tenho lido, ou isto é uma grande «estória» tua, ou então não posso perder o próximo colóquio" [à atenção do organizador do colóquio, José Carlos Abrantes: não perca este comentador e convide-o pessoalmente a falar após as intervenções da mesa].

Outro excerto: "o António Granado era para mim um completo desconhecido. Fiquei a saber que é jornalista do Público e que já mantém o seu blogue desde 2001. Além disso, achei-o com um ar muito sorumbático". Comentário de alguém identificado como Sorumbático: "Quando dizes que o granado é sorumbático, espero que não estejas a gozar comigo. :)".

Um terceiro excerto: "Com a chegada da Joana Amaral Dias, começaram a disparar flashes por todo o lado. Subitamente parecia que estava numa disco. A sala toda forrada a preto, cadeiras pretas, e as luzes brancas dos flashes sempre a zurzir, fizeram-me lembrar, por momentos, algumas das saudosas discotecas manhosas da década de oitenta do Bairro Alto. Só faltava o som dos Cult ou dos Bauhaus para o filme ficar completo". Um comentário: "Fui ao outro: Blogues no Feminino! Depois, jantar com bloguistas ilustres na Trindade. Depois, Festa Quase Famosos no Frágil. Foi o que restou...mais de resto, passaria despercebida não fosse a minha altura. Este encontro, confesso, não me apeteceu. Podes entregar ao Paulo um Beijo da Graça que ele sabe quem é?". Outro comentário: "«Ganda» filme. Mas está fixe. Estou a gostar".

Conclusão primeira: um "simples" colóquio pode produzir muita literatura ou pontos de vista, como previa José Pacheco Pereira no seu Abrupto, ontem às 9:28.

Conclusão segunda: o André Carvalho - que me tratou com muita deferência nas suas três mensagens - revelou-se-me. Ele foi meu aluno e eu não tinha dele a ideia de olhar as coisas da vida com tão grande humor. Possivelmente porque encaro sempre o mundo demasiado a sério e não deixo brilhar nas aulas a criatividade de quem me rodeia.

Conclusão terceira: diz-se dos comentários às mensagens que são, por regra, insultuosos. Aqui, na Geração Rasca, pelo contrário, há um registo divertido. O que significa que o blogue criou um grupo de fãs afinados pelo mesmo diapasão. Por isso, aconselho a que visitem urgentemente o blogue, mesmo que discordem dele quando se lê o que escrevem sobre política. Também da política devemos olhar a vida com humor, pois, de contrário, sairíamos muitos descontentes. Além de tudo, trata-se de um blogue colectivo, onde cada um se diverte à sua maneira, o que é uma atitude positiva a saudar e respeitar.

3 comentários:

carlos paulo disse...

"Possivelmente porque encaro sempre o mundo demasiado a sério e não deixo brilhar nas aulas a criatividade de quem me rodeia" - sou obrigado a concordar, professor. No entanto, nesta conferência, foi o professor que aproveitou para nos surpreender com momentos de grande humor.

Anónimo disse...

Rogério Santos

Não vi referidas em qq blog as respostas da mesa à pergunta pertinente de um observador do 2º Colóquio sobre as questões deontológicas que se colocam aos blogueiros. Será que nos pode ajudar a desbravar o tema, dada a sua pertinência face à legislação que saiu em 8 Nov?
Aproveito para citar opiniões de estudiosos da matéria, relativas às diferentes atitudes de ERRO e de FRAUDE:

O comentário à 1ª atitude é do economista italiano Vilfredo Pareto: “Prefiro sempre um erro frutífero, cheio de sementes, prenhe de suas próprias correções, à verdade estéril. A verdade estéril que fique para quem a formula”.

O comentário à 2ª atitude é do ensaísta americano, Stephan Jay Gould: “A fraude é patológica do ponto de vista social e psicológico, embora a ciência deva aprender a policiar-se. O erro é um subproduto inevitável da ousadia – ou de qualquer esforço concentrado. Querer combate-lo seria o mesmo que aprovar uma lei proibindo as pessoas de urinar depois de beber cerveja”. Página 111 de “Dedo mindinho e seus visinhos”, São Paulo, Cia das Letras, 1993

MJE

Anónimo disse...

Por lapso não referi no meu comentário das 7:15PM que os 2 autores referidos são citados por Haroldo Kennedy num interessante artigo intitulado 'Erros e Fraudes', colocado em Set 02, 2005 em http://cpi-chega-a-cabral.blogspot.com/

MJE