GU-GU-DA-DA
Os anúncios da Nobre - Strogoff de Glu-glu e Arroz de Quáquá - não são para a minha faixa etária. As onomatopeias gluglu e quáquá remetem para os sons dos perús e dos patos, linguagem usada por crianças pequenas e pelas suas mamãs e papás. E o slogan "ter a papinha toda feita" não engana.
É, no entanto, interessante perceber o alcance das comidas pré-fabricadas, que poupam tempo a donas (ou donos) de casa, que trabalham fora do lar e querem preparar rapidamente as refeições. Se as pizzas já enfastiam, procura-se uma tipo de comida mais próxima da nossa tradição. Assim, por que não um arroz de pato, que basta levar ao micro-ondas para ser servido à mesa? Logo, o público-alvo é urbano, profissional, morando nos arredores da grande cidade, jovem e com família constituída, talvez de 3o anos ou à volta dessa idade.
Nota 1: o arroz dos anúncios é gigante. Medi, com uma régua, a dimensão de cada grão num dos cartazes [espero que quem me tenha visto não duvide da minha sanidade mental] e deu entre três e quatro centímetros. Parecem quase pequenas bolas de chocolate branco. Dir-me-ão: nos anúncios, as dimensões dos objectos representados têm de ser maiores do que os reais, dado que o público que observa os mupis está a uma determinada distância. Certo. Mas há mupis destes voltados apenas para transeuntes.
Nota 2: estima-se que uma média de 30% dos transeuntes e dos visitantes/clientes (num centro comercial) tenham contacto com a publicidade. Isto é válido para os painéis SIC indoor ou os da MCO nas estações de Metro (estes últimos mais estridentes, dada a carga sonora existente). Também nos centros comerciais da Sonae, como se sabe o número de pessoas que circulam nos seus espaços, dá-se a ponderação assinalada acima. Mas a probabilidade de contactos não passa de uma intuição. Medir uma audiência não é uma ciência exacta - e aqui não há audímetros nem entrevistas telefónicas a investigar o que cada pessoa viu no seu caminho.
3 comentários:
Caro Prof Rogerio.
Um destes dias tive oportunidade de comentar com uma pessoa amiga ligada ao marketing de publicações, esta nova campanha publicitária do GluGlu e gostaria também de conhecer a sua opinião sobre o assunto.
Esta é uma campanha publicitária a refeições com alimentos provenientes de aves. O engraçado é que em nenhuma delas aparece o nome de uma única ave.
Será esta a antecipação de um problema que ainda não temos? Será esta uma medida de comunicação de crise, por antecipação para os industriais de alimentos que utilizam como "materia prima" alguns produtos provenientes de "bens de risco, segundo alguma opinião pública?
Fica a Observação
Um grandfe abraço
Paulo Ferreira
Um artigo e um comentário(2:52) pertinentes e cruciais ... quem garante a proveniência dos gluglus e dos quaquas e quem confirma a qualidade da confecção desses arrozes?
Parece-me que a utilização deste tipo de linguagem, aponta a criança como um grupo de consumidores a explorar.
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