sábado, 17 de dezembro de 2005

AFINAL, O CAMPO PEQUENO NÃO VAI FICAR TÃO BONITO COMO EU PENSARA

Já abriu uma loja na zona comercial da praça de toiros do Campo Pequeno, aqui em Lisboa. Não gosto nada do acesso. Como se consegue perceber na primeira imagem, perde-se a visão da imponência da própria praça, com a abertura exagerada de uma entrada, que nem sequer respeita os materiais existentes previamente, o tijolo.

Trata-se de vulgar entrada para um centro comercial! Não há, na câmara de Lisboa ou nas entidades oficiais, quem tenha bom gosto e impeça obras pirosas como esta?

Já bastava o mamarracho do edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, no topo leste do Campo Pequeno, e o centro comercial Alvaláxia no não muito distante Campo Grande (topo norte) como marcas de fealdade de uma cidade europeia que era bonita, para termos agora uma revitalizada praça de toiros com um acesso para a galeria comercial característico de um espaço suburbano. Sem falso orgulho, a praça de toiros aberta ao público em 1892 é (era) das mais bonitas de todo o mundo. No acesso à loja de brinquedos Centroxogo ainda existe um painel com várias imagens do novo Campo Pequeno (com obras previstas até à Primavera de 2006), mas perdeu-se a minha ideia romântica do espaço. Agora, a realidade mostra-se muita mais feia que as imagens trabalhadas em computador.

Sem ser uma crítica ao espaço comercial de brinquedos, pois a decisão do acesso de mau gosto é anterior à implantação da loja, recupero um artigo de Céu Neves, intitulado Brinquedos e decorações lideram prendas no sapatinho, saído no Diário de Notícias, de 27 de Novembro último, sobre o Centroxogo: "continuam a ser os brinquedos os grandes responsáveis pelo aumento de negócio na época natalícia. Neste segmento, as novas tendências têm uma vertente didáctica e multimedia, como os jogos com CD-ROM, CD, DVD e MP3". Mais à frente, a jornalista fala das várias grandes superfícies como a Toys'R'Us mas também da "Centroxogo, empresa espanhola de comercialização de brinquedos com oito lojas em Portugal, a última das quais recentemente instalada em Lisboa. Os artigos não são mais baratos, mas há brinquedos de «marca branca» a custos baixos".

Visitei a loja ao fim da tarde de hoje, aproveitando para fazer as fotografias acima colocadas. Trata-se de um espaço com muita procura - claro que estamos a dias do Natal e o momento, apesar da crise económica, é de comprar prendas. Vi muitos produtos baratos, quase todos oriundos da China. Por exemplo, pistas de automóveis com licenças de marca (como a BMW) mas produzidas naquele gigantesco país asiático. E também a Barbie. Além disso, muitos dos brinquedos remetem para memórias recentes do cinema, da televisão e dos videojogos, numa mistura de indústrias culturais em que os brinquedos são o último elo da cadeia imaginária dos consumidores.

7 comentários:

Juliana Iorio disse...

Concordo plenamente!!!

Anónimo disse...

Sinceramente, lendo o seu post relativamente à actualização de algumas das silhuetas da nossa (minha de certeza) cidade de LIsboa, sinceramente deixa-me com uma subtil mas vincada sensação no meu estômago de uma visão e opinião completamente retrogada e sem visão de futuro da mesma. É, efectivamente com alguma reserva que faço uma leitura do seu comentário... Se possível agradecia que enquadrasse a sua opinião numa época que todos vivemos e discutimos da necessidade e, quase, obrigatoriedade de nos actualizarmos e renovarmos a nossa perspectiva e posicionamento na actualidade Portuguesa. Edificio da Caixa Geral de Depósitos??? Alvaláxia?????? O Sr Rogério Santos propunha o quê, no lugar da actualização e constatação dos tempos Modernos???? Respeitosamente, Pedro

Anónimo disse...

Caro Professor RS
Sem querer debater aqui um tema de tanta actualidade, o da renovação urbana através da arquitectura e do paisagismo - e da vivência das gentes que, essa sim, faz 'acontecer arte', como diria N. Goodman - acrescentaria que me parece prematuro avaliar o impacto da entrada para o sub-solo da Pr de Touros (que me parece equilibrada, embora a foto a 'mostre' desmedida...). Trata-se de convidar explicitamente e de facilitar com segurança um acesso que poderia continuar a ser tortuoso e interdito aos não aficionados de 'touradas' e quejandos.
Estamos para ver se o tratamento do espaço envolvente virá, ou não, enriquecer a praça e a sua apreensão pelos transeuntes, utentes e ... fotógrafos :)

Qt ao Alvaláxia e à sede da CGD, conversaremos noutra ocasião...

Anónimo disse...

Bom dia.
Vejo este assunto noutra perspectiva: o massacre e a tortura de seres indefesos, os touros, apenas para divertimento do povo. Atenção, não é para a sobrevivência do ser humano, é para o seu puro divertimento.
É isso que vamos ensinar às nossas crianças, àquelas que vão àquele espaço comprar brinquedos? Que regulamrente são ali torturados animais?
Já agora, devemos também dizer-lhes que são crianças como elas, em regime de quase escravatura, que fazem, lá longe, na China, 14 ou 16 horas por dia, aqueles brincados com que elas se dicvertem...
Cumprimentos a todos.

Ricarod Santos Pinto
ricardosantospinto@gmail.com

Anónimo disse...

Prezado Ricardo Pinto,
Já que o nome deste fórum é precisamente "Indústrias Culturais", e porque a mais nuclear natureza do ser humano é, precisamente, fazer uma série de coisas que não se orientam para a sua sobrevivência, venho comunicar a todos e todas que, efectivamente, e sempre que possa, levarei os meus filhos (como comigo fizeram o meu Pai e o meu Avô) ao Campo Pequeno, mas não para comprar brinquedos!
Saúdo ainda o meu Pai e o meu Avô por nunca terem feito questão de me levar ao Futebol... sítio onde, por minha iniciativa, não farei questão de levar os meus filhos. Já basta o troglodismo que se vê, e ouve, pela televisão... perdão, por TUDO QUANTO É CANAL DE TELEVISÃO, PÚBLICO E PRIVADO, NOTICIÁRIO, MAGAZINE DESPORTIVO, TELENOVELA, ANÚNCIO COMERCIAL,...
É tudo uma questão de Cultura e de Indústria... e de tradição e identidade regional.

Rogério Silva
Vila Franca de Xira

Anónimo disse...

Bom na minha modesta opinião de moradora do centro de Lisboa,acho que já fazia falta em Lisboa esta praça magnífica, que era um hábito cultural de muitas pessoas para juntar família ou amigos para ver uma bela tourada e comer uns amendoíns ou beber umas "jolas".
Sinceramente acho um tanto desagradável o "aparecimento" de uma zona para compras,que eu me lembre era pa se ver tourada que se ia (e ainda vai)...agora compras so se for para chamar as "tias de Cascais".
Outro assunto que parece estar em voga aki é sobre a violência animal, não sou a favor a deixarem animais a morrerem d fome, más tambem não sou contra em matar um animal pra se comer logo depois (quero assim relembrar no caso de Espanha que matam o toiro para se comer logo em seguida pelo público q participantes que assim o desejam, enquanto que em Portugal,os nobres animais morrem com choques elétricos e cheios de febre).
Mas para não fugir ao assunto quero expressar tambem os meus parabens pela magnífica ideia de utilizar tambem o Campo Pequeno para espetáculos de todo o tipo e feitio.
Bem ajam
E beijos a TDS

Anónimo disse...

Permita-me discordar, fui visitar este centro e gostei, devo referir que sou defeciente motora e as acessibilidades estão boas, para nós que temos certas limitações. Claro que para pessoas que nao têm dificuldades não se apercebem de pequenas coisas o que é natural, pena tenho que não o façam em outros espaços....